As marcas do tempo numa coleção bem atual

Este sábado, dia 21 de outubro, Alexandra Moura voltou a apresentar as suas propostas para a estação quente de 2018. A primeira vez que as suas propostas desfilaram foi em Londres, mesmo junto a Chinatown, numa antiga igreja com paredes de tijolo e alguns buracos, restos de tinta, janelas em arco e colunas que pareciam não aguentar muito mais tempo de pé. No Porto o palco foi mais discreto, mas mantiveram-se a passerelle muito estreita, o penteado e a maquilhagem.

O ponto de partida para a coleção foram os palácios antigos e as marcas que o tempo lhes deixou. “Não houve um palácio específico, inspirei-me em detalhes, bocados, paredes, uma mistura de coisas que me remeteram para este universo. São coisas que vamos vivendo ao longo da nossa vida, há palácios que visitamos em criança e ficam a nossa memória. Aqui a inspiração não veio apenas do interior dos palácios, mas também do interior da roupa da época. Trouxe detalhes que existiam dentro da roupa do século XVIII e que para mim são até mais belos que o exterior das peças”, disse Alexandra Moura ao Delas.pt.

A apropriação deste universo para a roupa surgiu nas “costuras, fitas de algodão, cortes, pespontos dados à mão, pinças virada ao contrário, costuras para fora onde se metiam as barbas de baleia dos corpetes, folhos inacabados e rasgados. Tudo isto são elementos que vieram parar à coleção e que, juntamente com as silhuetas já características do meu trabalho, trazem romantismo aos looks urbanos”, explicou-nos a criadora.

Na paleta cromática reinaram o vermelho, o branco e preto. As silhuetas mantiveram as linhas oversize e unissexo que Alexandra Moura costuma trabalhar, bem como os atilhos e bolsos volumosos, que são elementos que já tinham estado presentes nas suas últimas coleções.