Álvaro Covões sobre os cartazes paritários: “a música não tem género”

585cd43db7af5efa75f2027b3247a3cdae2fb82eea114bc1c83cb13b961ea929

O Passeio Marítimo de Algés recebeu nos últimos três dias, 11, 12 e 13 de julho, o Festival NOS Alive. Desde Jorja Smith aos The Cure, no primeiro dia de festival, passando por Vampire Weekend no segundo ou Smashing Pumpkins e Thom Yorke no último dia, vários foram os artistas a pisar os vários palcos do evento. E já há novidades para o próximo ano: Os Da Weasel voltam em 2020.

O Delas.pt falou com Álvaro Covões, o homem por detrás deste festival, para falar sobre o balanço do espaço específico para futuras mães, onde as grávidas podem ser mimadas e podem usufruir do maior conforto possível durante os festejos, mas também sobre balanços e projetos futuros.

Cartazes paritários: “a música não tem género”

O NOS Primavera Sound foi o primeiro festival português a anunciar um cartaz partidário, onde tanto homens como mulheres foram representados de igual forma nos seus palcos. Quando questionado sobre algum nome feminino que gostasse de receber no NOS Alive, Álvaro Covões aproveitou para falar sobre este assunto e afirmou que, para si, a música não tem género.

“Há um tema muito importante que eu gostava de falar, que é, em 2019, 44 festivais anunciaram que iam ter uma programação partidária, e isso é um disparate, porque a música não tem género”, explica o responsável, acrescentando que o importante quando se organiza um festival é “ter em conta o que as pessoas querem ver e não entrar em ginásticas. Isso não faz sentido nenhum”, reitera.

Ainda assim, admite que a edição deste ano foi marcada por muitas mulheres em palco, muitas delas “absolutamente fantásticas” e, confessou ainda Álvaro Covões, alguns dos melhores concertos de sexta-feira, dia 12 de julho, foram mesmo protagonizados por mulheres como Jorja Smith e Robin.

“Por coincidência, neste ano acabaram por vir muitas mulheres ao festival, e mulheres absolutamente fantásticas. Desde a Sharon van Etten, a Robin, Jorja Smith, Gossip, Grace Jones, Cristina Branco, Fábia Rebordão. Por acaso este ano estamos cheios de mulheres, mas é uma coincidência”, volta a frisar o responsável pela organização do festival.

Urinóis femininos: serão uma possibilidade em Portugal

Recentemente, num festival famoso na Dinamarca, o Roskilde, foi testado o primeiro urinol feminino, que se chama Lapee. Pode parecer pouco discreto, mas, para quem já desesperou nas filas das casas-de-banho de um festival e sacrificou parte do alinhamento da sua banda favorita, a perspetiva de haver uma versão feminina dos urinóis poderia ser a solução que faltava. Mas Álvaro Covões não concorda.

Embora o responsável pelo NOS Alive não estivesse familiarizado com esta nova hipótese, depois de ver as imagens dos novos urinóis garantiu que não lhe pareceria que esta fosse uma ideia a adotar no seu festival. “A mulher portuguesa é uma mulher que apesar de ser prática gosta de ter o mínimo de conforto”, começa por defender Álvaro. Ainda que estes urinóis tivessem sido pensados tendo como base os urinóis masculinos já existentes – mas adequados à fisionomia das mulheres e garantido o mínimo de privacidade possível – o responsável não ficou convencido.
“Isso é como os urinóis masculinos, que nós também não os temos em frente ao público. Valorizamos muito a nossa privacidade. Por isso é que as casas de banho das mulheres aqui são de porta fechada”, reitera Álvaro Covões.

Para Álvaro, tudo o que desenvolve na organização do Festival NOS Alive é sempre com “o objectivo de atingir o pleno” e, para isso, acrescenta, é necessário pensar em todos os pormenores. Tais como pensar nas futuras mães, que têm um espaço só para si, pensar nas pessoas com mobilidade reduzida, relvar todo o recinto do evento ou, também, investir em casas de banho de loiça e com privacidade e conforto assegurada.

[Imagem de destaque: Pedro Rocha/Global Imagens]

NOS Alive: o espaço para grávidas onde há histórias para contar

Festivais de verão já têm urinóis femininos