Chocou o país em topless e voltou com revista feminina

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Amina Sboui, uma ativista feminina de apenas 18 anos, colocou uma foto em topless no seu Facebook em 2013, que chocou a Tunísia

Aos 18 anos, Amina Sboui colocou no Facebook uma fotografia nua da cintura para cima, que lhe valeu ameaças de morte e a levou a deixar a Tunísia. Está agora de volta.

A imagem de uma mulher de topless já não choca muito. Ou melhor, não choca em algumas partes do mundo. Aquela que Amina Sboui, uma jovem ativista feminina, colocou no seu Facebook em 2013, chocou. De tal forma que os seus seios desnudos a forçaram mesmo a deixar a Tunísia, tal foi o tamanho do escândalo. Dois anos depois e Sboui está de volta e promete mais agitação, agora em forma de uma revista feminina.

“O meu corpo pertence-me; não é a fonte da honra de ninguém”, escreveu no peito, aos 18 anos, a ativista feminina tunisina Amina Sboui. Chocou o seu país.

Tudo aconteceu no dia 8 de março de 2013. Em casa dos avós, Amina Sboui pintou os lábios de vermelho, fez um risco negro nos olhos e acendeu um cigarro. Na imagem publicada nas redes sociais vê-se a jovem reclinada num sofá, nua da cintura para cima, com uma frase escrita no peito: “O meu corpo pertence-me; não é a fonte da honra de ninguém”.

Não tardaram os comentários. E com eles o receio da mãe, que haveria de descobrir a proeza. Conta a BBC que Amina Sboui fugiu para casa de uma amiga, onde a mãe a descobriu. Crente de que a filha tinha sido possuída – a única explicação encontrada para a ação da jovem -, Amina foi sujeita a uma espécie de exorcismo.

Amina Sboui está determinada a lançar ‘Farida’ (que significa única, em árabe), uma revista “feminina e feminista”. Promete temas polémicos.

Semanas mais tarde, a jovem voltou a desafiar a mãe, ao participar numa ação de protesto que lhe valeu uma ida para a prisão. Foi condenada e, dois meses depois de ter sido presa, libertada. Rumou a França, perante as ameaças de morte e o desejo, que continuava a ter, de prosseguir os seus estudos.

Agora está de regresso ao seu país. Terminou o ensino secundário, cobriu o corpo com tatuagens e escreveu, com outro autor, uma autobiografia a que deu o nome de ‘O Meu Corpo Pertence-me’. E já em janeiro está determinada a lançar ‘Farida’ (que significa única, em árabe), uma revista “feminina e feminista”, com os tradicionais artigos sobre maquilhagem, moda e culinária, a que se juntam temas mais polémicos, da homossexualidade ao aborto. Dirigida a mulheres entre os 15 e os 25 anos, inspira-se numa publicação mais antiga, ‘Faiza’, publicada no final da década de 50 do século passado.

Amina Sboui não quer fazer esquecer as suas ações. Até porque os outros também não as esqueceram. Continua a ser vítimas de insultos, já que a Tunísia, o país que é o seu, embora se orgulhe de ser um dos mais liberais de África, não deixa de ser tradicional e dominado pelos princípios islâmicos.