Aministia acusa Twitter de permitir abusos contra as mulheres

O Facebook e o seu fundador, Mark Zuckerberg, têm estado debaixo de fogo depois do escândalo de fugas de dados pessoais de 50 milhões, para influenciar a eleição de Trump, nos EUA, e o Brexit, no Reino Unido, envolvendo a empresa de consultoria Cambridge Analytica.

Mas esta não é a única polémica a envolver uma rede social. O Twitter está a ser acusado, pela Amnistia Internacional (AI) de permitir, nas suas páginas, comentários e incitamentos a abusos e atos de violência contra as mulheres, nas suas páginas.

Num relatório, intitulado ‘Toxic Twitter: Violence and Abuse Against Women Online‘ (em português, ‘Twitter Tóxico: Violência e Abusos Contra as Mulheres Online”) e preparado ao longo de mais de um ano, a AI acusa a rede social de falhar na garantia de um ambiente seguro para as mulheres que a utilizam e dessa forma não proteger os direitos humanos.


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“Para muitas mulheres, o Twitter é uma plataforma onde a violência e o abuso contra elas floresce, frequentemente com pouca responsabilização [dos abusadores]”, lê-se no relatório, que acrescenta que, “como empresa, o Twitter está a falhar na responsabilidade de garantir o respeito pelos direitos das mulheres online, por não investigar e responder adequadamente às denúncias de violência e abuso de forma transparente”.

Ameaças de morte, de violação, comentários racistas, homofóbicos, ou sobre o peso e a imagem são alguns dos abusos a que as mulheres estão sujeitas.

A Amnistia refere que a violência sofrida pelas mulheres nesta rede social – independentemente da sua condição social e profissional –, tem um efeito negativo no seu direito à liberdade de expressão, de forma igual e sem medos, o que conduz ao seu silenciamento.

“Em vez de fortalecer a voz das mulheres, a violência e os abusos que muitas sofrem na plataforma leva-as a autocensurarem-se naquilo que publicam, a limitarem as suas interações e inclusivamente leva-as a saírem do Twitter por completo”.

Em correspondência trocada com a organização de defesa dos direitos humanos, o Twitter respondeu que “não pode eliminar o ódio e o preconceito da sociedade”, reiterando que nas suas políticas de utilização proíbem as expressões de violência e de abuso e que os utilizadores podem denunciar contas ou tweets que estão a violar esta política.

A Aministia contesta o argumento, apontando que a rede social falha precisamente na fiscalização da sua própria política de utilização e na responsabilização dos utilizadores infratores, mesmo quando há denúncias.

O relatório da organização baseia-se numa investigação realizada nos últimos 16 meses, no Reino Unido e nos EUA, e que inclui entrevistas realizadas a 86 mulheres, políticos e jornalistas.

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