A Amnistia Internacional (AI) endereçou, na semana passada, 3150 cartas a escolas de todos os níveis de ensino – públicos e privados, conservatórios e profissionais – às quais pedia que autorizassem os alunos a participar na Greve Climática Global, que vai ter lugar esta sexta-feira, 27 de setembro. Ao Delas.pt, a AI, através de fonte oficial, “diz não saber quantas escolas deverão aderir” ao repto até porque “a carta não solicitava respostas nesse sentido”. “Mas temos recebido inúmeras mensagens de apoio e adesão por parte de jovens e pais a juntarem-se ao movimento e a falarem sobre isso nas nossas redes sociais”, refere o mesmo porta-voz.
Na missiva enviada e assinada pelo secretário-geral da organização Kumi Naidoo, a organização lembra que “o direito a um planeta habitável é como o Artigo Zero dos direitos humanos. É um direito inato que, infelizmente, as gerações mais novas foram obrigadas a reivindicar”.
Na galeria acima recorde imagens da mais recente manifestação global pelo clima, que aconteceu em maio.
Por cá, Pedro A. Neto, diretor-executivo da AI Portugal, sublinha, em comunicado, que “o envolvimento das gerações mais novas é exemplar e tem de trazer e incentivar todas as outras pessoas, de todas as outras gerações, pois o tema vai condicionar as nossas vidas num futuro que se julgava distante, mas que já é presente”. Assim, considera a entidade que “a participação de crianças e jovens nesta iniciativa de mobilização cívica pelo combate às alterações climáticas não deve ser limitada, bem pelo contrário”. Pede por isso, na mesma nota enviada às redações para que “as escolas, os pais e todas as comunidades educativas participem e tomem parte desta ação que é a maior aula do mundo para a humanidade”, refere Pedro A. Neto.
A entidade estará presente nas manifestações que vão decorrer nas principais cidades do país e refere ao Delas.pt que irá fazer ouvir a sua voz com recurso a mensagens colocadas “sobre materiais recicláveis” e que terá disponíveis “tintas vegan para pintar os rostos”, numa ação concertada com “os responsáveis e líderes nacionais da Greve estudantil pelo ambiente”, refere o mesmo porta-voz.
Fenprof adere ao movimento
Professores e investigadores vão participar na Greve Climática que se realiza na sexta-feira, tendo sido entregues pré-avisos de greve de pelo menos três sindicatos, incluindo a Federação nacional dos Professores (Fenprof) , que abrangem todos os estabelecimentos de ensino do país, desde o pré-escolar ao ensino superior.
Depois de ter sido contactada por vários docentes que queriam aderir ao protesto mundial em defesa do planeta, a Fenprof decidiu entregar um pré-aviso “para que todas as pessoas que o desejam possam participar na manifestação” que se realiza esta sexta-feira em mais de vinte localidades portuguesas, disse à Lusa o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira.
“As questões do clima são problemas que têm vindo a preocupar os professores e que os devem preocupar porque estão na formação dos jovens e, sobre essas matérias, têm tido sempre um papel ativo”, salientou Mário Nogueira, que sublinhou também as “posições esclarecidas e combativas dos jovens”.
Reconhecendo que este é um pré-aviso de greve `sui generis` uma vez que os trabalhadores não estão a reivindicar questões laborais nem a contestar qualquer posição da entidade patronal, Mário Nogueira entende que é importante dar liberdade aos professores para poderem participar nestas iniciativas. “Exigir ao Governo e à comunidade internacional políticas ambientalmente sustentáveis; protestar contra quem coloca a exploração e o lucro acima das pessoas e do futuro do planeta”, são os grandes motivos que vão levar os professores a sair à rua na sexta-feira ao lado dos seus alunos, os grandes impulsionadores destes protestos que começaram no ano passado graças à jovem ativista sueca Greta Thunberg.
“O pré-aviso de greve tem a intenção de permitir que aqueles que querem estar nas manifestações mas não têm forma de justificar as suas faltas, porque não estão doentes, poderão usar este pré-aviso que irá permitir a justificação das faltas”, explicou.
O pré-aviso de greve apresentado pela Fenprof dirige-se a todos os educadores de infância e professores desde o ensino básico ao superior de todos os estabelecimentos de ensino portugueses, tanto públicos como privados. Além da Fenprof, também o STOP – Sindicato de Todos os Professores e o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Solidariedade e Segurança Social (STSSSS) entregaram pré-avisos de greve para dia 27, permitindo aos trabalhadores de todos estes setores aderirem à greve.
CB com Lusa
Imagem de destaque: Lusa
Alunos fora da escola e em greve pelo clima. Mas pode haver faltas não justificadas
