Violações são “mais baratas que uma bala”e têm de ser punidas com “dureza”

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Producer Angelina Jolie poses at the premiere for "The Breadwinner" in Los Angeles, California, U.S., October 20, 2017. REUTERS/Mario Anzuoni - RC1AEB531A60

Angelina Jolie foi, esta semana, a Vancouver, no Canadá, pedir que a violência sexual, que é usada como arma de guerra, seja “punida com mais dureza”.

A atriz e ativista falou durante a conferência de ministros da Defesa sobre as missões de paz da ONU, na qual alertou para o facto de a violência sexual em cenário de guerra ser “cruelmente efetiva” porque é “mais barata do que uma bala e tem consequências duradouras”.

A atriz que deu como exemplo as violações das refugiadas rohingyas na Birmânia, acrescentou que os abusos são cometidos para “torturar, aterrorizar e forçar a população a fugir”.

Angelina Jolie rejeitou, no entanto, que os mesmos sejam uma consequência inevitável dos conflitos armados, salientando que são crimes e que como tal têm que ser severamente castigados e incluídos nas negociações de paz.

Desde 2016, a violação passou a ser reconhecida como crime de guerra pelo Tribunal Penal Internacional, que condenou, numa decisão sem precedentes, Jean-Pierre Bemba, comandante do Movimento de Libertação do Congo e vice-presidente do país, que ordenou a violação de civis como ato de guerra.

Homens que maltratam mulheres são simplesmente “abusadores”

Sem se referir diretamente aos recentes escândalos de assédio e abuso sexual que têm abalado Hollywood, Angelina Jolie não quis deixar de frisar, no seu discurso, que “a violência sexual está em todo o lado”, mesmo quando não é usada como arma de guerra, e que associá-la a desejo ou compulsão sexual é um mito.

É, afirmou, uma forma de “controlo e poder”, que está presente em toda a sociedade”. “Na indústria onde trabalho, nos negócios, nas universidades, na polícia, na política, nas instituições militares em todo o mundo”, afirmou, acrescentando que os homens que exercem violência sexual sobre as mulheres são simplesmente “abusadores”.

A atriz deixou, por isso, aos participantes da conferência do Canadá – a maior reunião de ministros da Defesa dedicada às missões de paz da ONU – uma pergunta para servir de reflexão. “Temos de nos perguntar como é que depois de todos estes anos, de todas as leis e de todas as resoluções e de todos os horrores, as mulheres ainda têm de pedir pelo mais básico de todos os sues direitos: o de ter uma vida livre de violência.”

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com Lusa