Annegret Kramp-Karrenbauer substitui Merkel na liderança da CDU

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A atual secretária-geral da União Democrata Cristã (CDU), Annegret Kramp-Karrenbauer, aliada da chanceler alemã, Angela Merkel, foi eleita esta sexta-feira, 7 de dezembro, nova líder do partido de centro-direita. Kramp-Karrenbauer derrotou, por pequena margem, Friedrich Merz, antigo rival de Merkel, no congresso da CDU, em Hamburgo.

Annegret Kramp-Karrenbauer, de 56 anos, era até hoje secretária-geral da CDU, responsável pela estratégia política do dia-a-dia, desde fevereiro.

Conhecida como AKK, pelas suas iniciais, Kramp-Karrenbauer impôs-se no congresso da CDU por uma margem mínima: 51,8% dos votos contra 48,2% de Friedrich Merz, representante da ala mais à direita do partido.

A primeira tarefa de AKK é melhorar os resultados eleitorais do partido, que sofreu vários reveses nas disputas regionais do passado mês de outubro, particularmente na influente zona da Baviera.

AKK substitui Angela Merkel, que esteve à frente da CDU durante 18 anos e deixa uma marca profunda na estratégia e na ideologia do partido, muito influenciada pelas ideias dos “patriarcas” Konrad Adenauer e Helmut Khol.

Seis semanas depois de anunciar a sua retirada da liderança do partido, e firme na intenção de continuar como chanceler até ao final da legislatura (que deverá terminar em 2021), Merkel vê com agrado a chegada de Kramp-Karrenbauer, sua aliada e figura forte da estratégia da CDU, onde desempenhava o influente cargo de secretária-geral, gerindo a atividade partidária, enquanto Merkel se concentrava no governo.

A grande incógnita é saber se AKK consegue manter a coligação entre conservadores e social-democratas, marcada por frequentes dissonâncias internas.

“Está na hora de abrir um novo capítulo”, afirmou Merkel, que em 2005 se tornara o primeiro político nascido em território comunista a chegar a chanceler do governo alemão.

Mas AKK é também conhecida como “Merkel 2” ou “Merkel bis”, numa indicação de que o novo capítulo pode apenas repetir a receita da anterior líder. Com 56 anos e formação católica, AKK herda um partido em queda de popularidade, mas que ainda é uma das maiores forças políticas da Alemanha.

Durante o congresso, Kramp-Karrenbauer excluiu a hipótese de reposicionar o partido à direita, resistindo aos apelos mais radicais de setores que eram mais próximos do seu adversário interno, Friedrich Merz.

Mas o bom resultado obtido por Merz revela que a CDU está muito dividida ideologicamente, com metade dos seus delegados a reclamar por um novo posicionamento, mais à direita, procurando responder aos sinais de conservadorismo do eleitorado.

Ao contrário de Merkel, AKK não é brilhante na oratória e terá de ser pela sua ação no terreno que ela poderá tentar convencer os militantes a apoiar a sua liderança. Uma biografia da nova líder da CDU, publicada em outubro, tem o título “Eu posso, eu quero e eu serei”, revelando o sentido pragmático e persistente de Kramp-Karrenbauer, que entrou para o partido há 40 anos, ainda muito jovem, e fez um percurso dentro do aparelho até chegar ao lugar máximo.

Politicamente, AKK tem algumas posições mais duras do que Merkel, relativamente à imigração, tendo já defendido que quer a expulsão de todos os refugiados condenados, incluindo os que são originários da Síria.

Nascida em 09 de agosto de 1962, em Volklingen, foi criada numa família tradicional católica de seis filhos. AKK é casada há 34 anos e tem três filhos. Depois de estudar Direito e Ciência Política, AKK iniciou a carreira política e tornou-se ministra em 2000, tendo ocupado, desde aí, várias pastas: Trabalho, Desporto, Família, Justiça.
A notoriedade surgiu em março de 2017, quando ganhou eleições locais renhidas, contra os social-democratas. O influente jornal Frankfurter Allgemein, a propósito do seu cargo de secretária-geral, escreveu: “Ela é mais generalista do que secretária”.

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