Anthony Bourdain, o icónico chef que se tornou num fervoroso defensor do #MeToo

Morreu Anthony Bourdain, o conhecido chef e apresentador de televisão que nos mostrou o mundo, através da gastronomia, e que no último ano de vida se converteu num fervoroso apoiante do movimento #MeToo e dos direitos das mulheres.

Anthony Bourdain era atualmente namorado da atriz Asia Argento, uma das vozes mais ativas contra o produtor Harvey Weinstein, que acusou de a ter violado, no Festival de Cannes, em 1998, quando tinha 21 anos.

Anthony Bourdain chegou a prestar apoio público à sua companheira, mas também a outras mulheres que acusaram o produtor de abusos sexuais, como Rose McGowan, tornando-se um fervoroso defensor do movimento #MeToo e chegando a assumir que a luta destas mulheres tinha mudado a sua maneira de ver o mundo.


Veja na fotogaleria algumas imagens que Bourdain partilhou na sua página de Instagram sobre a luta destas mulheres contra o assédio e os abusos sexuais em Hollywood.


“Quando alguém de quem se gosta e se respeita, se vê que ela está se está a debater com o facto de se deixar entrevistar – a dificuldade incrível de ir a público falar sobre algo, e num contexto, à altura, muito perigoso – isso muda-nos”, disse Bourdain ao jornalista Marlow Stern, do Daily Beast, referindo-se a Asia Argento.

Na mesma entrevista a esse site acrescentou: “Quando a Asia falou com Ronan [Farrow], penso que ela terá sido a primeira a aceitar ser entrevistada sabendo com absoluta certeza que o mais provável era ela ser processada, destruída e esmagada pela máquina gigante que durante décadas esmagou pessoas muito mais poderosas que ela que ousaram falar. Mas ela fê-lo de qualquer maneira. E ver isso, ver a reação em Itália, onde ela não teve qualquer apoio, foi um abrir de olhos”, explicou àquele jornalista, em abril deste ano.

Na mesma altura em que rebentou o escândalo sexual envolvendo Weinstein, ficou-se a saber que o conhecido chef John Besh tinha sido acusado de assédio sexual por mais de 20 mulheres – acusações que levaram à sua demissão do cargo de chief-executive do Besh Restaurant Group.

A propósito de mais essa notícia, Bourdain chegou a confessar, em entrevistas, sentir-se perturbado pelo facto de conhecer e ser próximo de muitas das vítimas, mas de estas não se sentirem à vontade consigo para lhe contarem os abusos a que foram submetidas, questionando o seu papel social, enquanto homem, em todo esse contexto.

Desde essa altura, Anthony Bourdain tornou-se num dos rostos masculinos mais visíveis de apoio ao #MeToo, acompanhando e publicitando, nas suas redes sociais, todas as iniciativas de Asia Argento, e não só, ligadas a essa causa e respondendo àqueles que criticavam o movimento, desde Alec Baldwin à estilista Donna Karen.

Anthony Bourdain morreu, esta sexta-feira, num hotel em Paris, aos 61 anos. A notícia foi confirmada pela CNN, canal que emitia o seu programa e para o qual estaria a gravar um episódio em França.

“É com extraordinária tristeza que confirmamos a morte do nosso amigo e colega, “Anthony Bourdain”, anunciou o canal americano em comunicado, lembrando o seu gosto pela aventura, por fazer novos amigos e, claro, pela gastronomia, que lhe permitiu recolher experiências de todo mundo que “fizeram dele um contador de histórias único”, assinala a CNN.

“Os seus talentos nunca pararam de nos espantar e vamos sentir muito a sua falta. Os nossos pensamentos estão com a sua filha e família neste momento incrivelmente difícil”, acrescenta o comunicado.

Ainda segundo a CNN, foi um amigo próximo de Bourdain, Eric Ripert, um chef francês, que o encontrou, esta manhã, sem vida no quarto de hotel onde estava instalado. O canal adianta que o chef e apresentador se terá suicidado.