Antidepressivos e gravidez: O que Jessica Athayde fez pelas mães

A revelação foi feita no pequeno ecrã pela atriz Jessica Athayde, 33 anos, e à conversa com Fernanda Serrano. “Fiz uma coisa que muitas mulheres fazem neste país e em todo o mundo: tive de tomar antidepressivos”, referiu a atriz, que foi mãe de Oliver, há cerca de duas semanas, fruto da relação com o companheiro – e também ator – Diogo Amaral.

Numa conversa franca ao programa A Tarde é Sua, na TVI, e explicando as razões porque o fez, Athayde revelou ainda que “não” gostou de “estar grávida”. “Estava mesmo no limite e fora de mim durante a gravidez”, acrescentou.

Agora, explicou ainda, a toma destes medicamentos está a comprometer a amamentação. “Tomei a decisão de não dar de mamar porque se eu desse, podia passar o antidepressivo ao meu filho. Há mulheres que o fazem e a criança pode ter uma ressaca e depois tenho de andar a desfazer antidepressivos dentro da papa do bebé”, acrescentou.

Ao Delas.pt, o psiquiatra e psicoterapeuta Vítor Cotovio vinca que “desconstruir mitos pode ser tão útil quanto a capacidade de gerir a privacidade e intimidade”. Sem se referir a este caso concreto de Jessica Atahyde, o especialista separa os dois campos: “Genericamente, creio que é importante convivermos com a nossa vida privada e intimidade e sem que isso tenha que ser uma coisa, com as tecnologias digitais, que fique exposta”, refere.

Mostrar a barriga no pós-parto pode ser “inspirador e tranquilizante”

Por outro lado, contrapõe Cotovio, “quando o que está em causa é desmontar mitos, estereótipos e crenças erróneas e que acabam por pesar na vida da mulher, não vejo questão nisso”, refere.

Ainda antes de o dia terminar. Jessica Athayde voltou a falar do que tinha revelado no programa da TVI, na sua conta de Instagram. “Sair de casa fez-me bem, sair e falar honestamente sobre o que tem sido a maternidade para mim nestas últimas duas semanas foi ótimo”, começou por dizer, agradecendo as mensagens de apoio que tem recebido por ter falado do tema. “Perceberam exatamente sem interpretar mal de alguma forma a conversa que tive com a minha querida amiga @fernandaserranooficial no @atardeesuatvi já me valeu o dia”, enalteceu.

Cuidados e precauções, segundo o especialista

Mais do que ser uma circunstância comum a muitas ou poucas mulheres, Cotovio lembra que é muito importante “avaliar todo o quadro” antes de proceder a terapêuticas desta natureza. E especifica: “Se for necessário medicar, tal deve ser enquadrado: primeiro é necessário caracterizar se a pessoa está deprimida, se está a viver sentimentos e emoções que decorrem dos ajustes hormonais que a gravidez traz”, analisa, contemporizando: “Não podemos medicar sentimentos e emoções, estas vivem-se. Mas isso não quer dizer que se enquadrem em apoio psicoterapêutico.”

O psiquiatra conta ao Delas.pt que “até por via da sua formação como psicoterapeuta, começa por privilegiar, numa primeira fase, a terapia em detrimento da medicação“, mas ressalva que nem todos os casos são iguais.

É preciso, por isso, olhar para os sintomas à luz da circunstância de uma gestação. “Se se cumprirem três ou quatro critérios, se forem intensos ou persistentes, então o quadro de depressão passa a ter validade”.

Mas de que sinais falamos, então? “Humor depressivo, falta de interesse pelas coisas, falta de dar sentido à vivência, falta de vontade, alteração da concertação, de alimentação e de padrões de sono, irritabilidade”,enumera Cotovio. O psiquiatra ressalva, contudo, a necessidade de separar estes sintomas de “quadros mistos de ansiedade”, fruto da fase que a mulher está a viver.

Detetados os sinais e definida a gravidade da depressão, então é tempo de aplicar terapêuticas, que, acautela Vítor Cotovio, são sempre mais complexas nos “três primeiros meses de gestação“. “É preciso escolher que tipo de medicamentos representa menos riscos para mães e bebés. Há estudos, há guidelines, normas de orientação clínicas, mesmo da Direção-Geral da Saúde, que dão indicações sobre os medicamentes mais seguros na fase da gravidez e na fase da amamentação”, lembra o especialista.

Apesar de Jessica Athayde ter revelado que não está a amamentar devido à medicação, Vítor Cotovio assinala a existência de alternativas para mulheres deprimidas nessas circunstâncias. Um olhar deixado pelo especialista mas que não faz qualquer referência, obviamente, ao caso da atriz da TVI.

“Imagine que a pessoa pergunta ao seu médico: estou a fazer antidepressivo, posso dar de mamar ou não? Eu já tive, no âmbito da minha prática clínica, mães a amamentar e a fazer um pouco de antidepressivos, obviamente tomavam os que tinham menos impacto no leite. É preciso pesar prós e contras”, pede o especialista.

Imagem de destaque: Instagram

Jessica Athayde fala sobre o parto: “Estou a viver numa bolha de amor”