Antinatalismo: ter filhos biológicos não é ético

Estão contra a reprodução humana por motivos éticos, políticos e biológicos. Definem-se como antinatalistas. Dizem que o mundo já não é capaz de alimentar a população atual e que por isso não faz sentido criar mais crianças que se tornarão adultos e ávidos consumidores dos recursos naturais do planeta.

O pensamento não é novo. Emil Cioran timbrou toda a sua produção filosófica com uma frase padrão: “a inconveniência da existência”. Este filósofo alemão, nascido em 1911, é dos primeiros a produzir tratados sobre o sofrimento insuportável que é estar vivo. Hoje David Benatar, filósofo de 52 anos, defende hoje que a dor é muito superior ao prazer na existência e que por isso mais valia nunca ter existido.

um bebé pode ser um instrumento de opressão masculina, ao dar à mulher todas as responsabilidades de cuidados do filho e a sobrecarregá-lo de atenções tidas como desnecessárias

Feministas polémicas como Elisabeth Badinter, mãe de três, têm sido também associadas ao movimento. Ela é uma das intelectuais do momento que insta as mulheres a não terem filhos ou, pelo menos, a adotarem um tipo de maternidade menos possessiva. No livro O Conflito – como a maternidade contemporânea põe em causa o estatuto das mulheres expõe como um bebé pode ser um instrumento de opressão masculina, ao dar (tradicionalmente) à mulher todas as responsabilidades de cuidados do filho e a sobrecarregá-lo de atenções tidas como desnecessárias no século anterior: dormir com as crianças, amamentar, etc.

Este pensamento anti-reprodução tem ganho adeptas entre as mulheres que escolhem não ter filhos. No século XXI, talvez pelas catástrofes ambientais de que o mundo é palco, o antinatalismo vive um novo fôlego e cresce entre as mulheres que não querem ter filhos. Uma delas é Audrey Garcia que expõe numa entrevista à BBC as razões pelas quais decidiu não ter filhos e se tornou ativista pelo antinatalismo. Veja na galeria as razões que levam esta e outras mulheres a aderirem a esta causa.

Portugal é o terceiro país da UE com o índice de fecundidade mais baixo