APAV e Jornada da Juventude juntas para evitarem incidentes

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[Fotografia: Helena Lopes/Pexels]

A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) está a trabalhar com a organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023, no sentido de prevenir incidentes com os jovens participantes, não apenas no que respeita aos abusos.

Tendo em conta, quer a proteção de menores, quer os acidentes ou incidentes que podem decorrer onde estão centenas de milhares de pessoas reunidas no mesmo sítio, “procurámos uma entidade que tivesse experiência no terreno e que pudesse ser nossa intermediária, naquilo que possa ser o apoio a um jovem, a uma pessoa que participe na JMJ e que viva um incidente qualquer, um assalto, um ataque, seja vítima do que quer que seja”, disse hoje o bispo Américo Aguiar, presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023.

Da parte da APAV houve uma disponibilidade total e fizeram um levantamento do que são os melhores procedimentos em eventos internacionais e apresentaram-nos um caderno de encargos do que possa ser o trabalho da APAV na Jornada”, acrescentou o bispo auxiliar de Lisboa.

Segundo Américo Aguiar, da parte da organização da JMJ “foi um alívio receber o ‘sim’ e a disponibilidade deles”, estando a decorrer a fase de “ver o que se deve fazer”.

Quanto à questão específica dos abusos de menores, o bispo responsável pela organização da JMJ, afirmou que “a experiência vivida em alguns países é diferente” da fase que está a ser vivida agora em Portugal, pelo que considerou que “é positivo” estar-se “a viver um processo de transparência total, de tolerância zero, porque não podia ser de outra maneira”.

“Para a organização da Jornada, o que seria negativo era não estarmos a fazer o que tem de ser feito”, disse o prelado, considerando que a colaboração da APAV, além de representar uma atitude “preventiva, acima de tudo o que será a participação de profissionais muito experientes nesta área e que podem corresponder na área da prevenção, mas também, infelizmente se for o caso, a ajudar a resolver alguma situação que decorra”.

Américo Aguiar, que falava aos jornalistas no final de um encontro na sede da JMJ, em Lisboa, considerou, ainda, que, quanto à questão do combate aos abusos de menores na Igreja Católica, “para a Jornada propriamente dita, é muito positivo que a Igreja portuguesa esteja a fazer o que está a fazer, com percalços, com ruídos, com incidentes, mas está a fazer e isso é que é importante”.

“Nada nos parará. Nada poderá parar este processo de transparência, de tolerância zero, de separador de águas daquilo que, infelizmente, foi o passado, daquilo que queremos que seja o hoje e o futuro da Igreja”, acrescentou o bispo, que é também o coordenador da Comissão Diocesana de Proteção de Menores do Patriarcado de Lisboa.

No encontro desta sexta-feira, 21 de outubro, foi feita uma apresentação dos aspetos já conhecidos do que será a JMJ Lisboa 2023, tendo sido também revelado que as habituais “catequeses” que marcam os programas das Jornadas da Juventude, terão em Lisboa um novo figurino, transformando-as num espaço de debate, reflexão e escuta, em torno de três eixos: as encíclicas Laudato Si e Fratelli Tutti, bem como a Nova Economia de Francisco.

A organização da JMJ Lisboa 2023 quer que, por todo o mundo, digitalmente, estes temas comecem a ser objeto de discussão preparatória pelos jovens que se preparam para vir a Portugal em agosto do próximo ano.

Já quanto à definição final dos locais dos diferentes momentos da Jornada — apenas está confirmado o Parque Tejo, a norte do Parque das Nações -, dependerá do plano de mobilidade e de segurança, que estão a ser preparados por organismos do Estado.

O que é certo é que o Papa Francisco será o primeiro peregrino a inscrever-se para a edição de 2023 da JMJ, o que acontecerá ainda durante o mês de outubro.

“Depois do Papa se inscrever, ficam abertas as inscrições no mundo inteiro”, disse Américo Aguiar. A JMJLisboa2023, que será encerrada pelo Papa, vai decorrer sob o lema “Maria levantou-se e partiu apressadamente”, tendo a cidade de Lisboa sido anunciada no final de janeiro de 2019, no Panamá, pelo pontífice, no encerramento da Jornada Mundial da Juventude que decorreu naquele país.

Inicialmente prevista para o verão de 2022, a iniciativa foi adiada um ano, devido à pandemia de covid-19.

A JMJ foi instituída por João Paulo II, em 1985, e desde então tem-se evidenciado como um momento de encontro e partilha para milhões de pessoas por todo o mundo. A primeira edição aconteceu em 1986, em Roma, e desde então a JMJ já passou por Buenos Aires (Argentina, 1987), Santiago de Compostela (Espanha, 1989), Czestochowa (Polónia, 1991), Denver (Estados Unidos, 1993), Manila (Filipinas, 1995), Paris (França, 1997), Roma (Itália, 2000), Toronto (Canadá, 2002), Colónia (Alemanha, 2005), Sidney (Austrália, 2008), Madrid (Espanha, 2011), Rio de Janeiro (Brasil, 2013), Cracóvia (Polónia, 2016) e Cidade do Panamá (Panamá2019).