APAV reporta 14 mulheres vítimas por dia em 2017

Todos os dias, 14 mulheres residentes em território nacional foram, em média, vítimas de um qualquer tipo de agressão, sendo que os crimes de violência doméstica continuam a ocupar o primeiro lugar do pódio dos mais reportados.

Números agora publicados pela Associação de Apoio à Vítima (APAV), no seu relatório anual, divulgado esta terça-feira, 27 de março. Dados contabilizados em 2017, num ano em que foram registadas um total de 5036 vítimas do sexo feminino naquelas circunstâncias e num universo de mais de nove mil vítimas (9176) atendidas. Em igual período, a APAV somou 40.928 queixas, um aumento de 19,2% face a 2015 (34.327), tendo identificado 9.176 vítimas, segundo as estatísticas divulgadas pela organização.

Na galeria acima veja como pode pedir ajuda, onde e junto de quem se pode socorrer se estiver a ser alvo de qualquer tipo de violência.

Os crimes de violência doméstica (16.033 casos reportados) continuam a provocar o maior número de vítimas, com aquela entidade a reportar 75,7% dos casos (mais de 3/4) de todos os crimes registados nos 12 meses do ano passado. “Nas restantes dimensões criminais, os destaques vão para os crimes patrimoniais – o crime de dano com 212 registos (1%) – e para as outras formas de violência – bullying com 113 casos (0,5%) “, lê-se no relatório da APAV e que pode ler aqui.

Ainda por tipo de crime, uma referência muito relevante para os de violência sexual, nomeadamente o abuso sexual de crianças (175 crimes), o ‘stalking’/perseguição (422) e o cibercrime (25).

Perfil da vítima: é mulher, empregada, tem mais de 40 anos e é casada

Segundo a APAV, a maioria das vítimas eram do sexo feminino (82,5%), tinham uma idade média situada nos 42 anos, eram sobretudo casada (28,2%), tinham maioritariamente o Ensino Secundário (8,4%), está empregada (31,4%) e mantinham com o agressor uma relação conjugal (25,2%). Trata-se, e é muito importante relevar, de valores médios.

“Da análise efetuada aos dados, é possível confirmar a existência de um número superior de autores de crime, face ao número de vítimas”, é referido no documento. Olhando para o agressor – e a APAV registou 9481 autores de crimes -, 80% eram do sexo masculino, tinham idades compreendidas entre os 35 e os 54 anos, eram casados (30%), empregado (32,1%), sendo que o tipo de vitimação continuada foi o mais registado em 2017, representando ¾ dos casos reportados, ou seja, 75%.

Três em cada quatro estavam a sofrer há já algum tempo quando recorreram à associação: 365 pessoas eram vítimas há mais de 20 anos, ou seja, desde o século passado. 321 começaram a ser vítimas dos agressores entre 1998 a 2006 e outras 357 contavam já com um período de vitimização continuada de entre sete a 11 anos.

Segundo os dados da APAV, 862 pessoas revelaram à associação que não tinham sido vítimas apenas uma vez, vivendo uma situação dramática há pelo menos dois anos. Há ainda relatos de agressões que se prolongavam há seis anos. Os dados vincam ainda que em cerca de 46% das situações foi formalizada queixa/denúncia junto das entidades policiais.

Imagem de destaque: Shutterstock

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