Um tribunal saudita condenou uma mulher a 45 anos de cadeia por, alegadamente, ter afetado o país através da atividade que mantinha nas redes sociais, indica um documento oficial obtido esta quarta-feira, 31 de agosto, pela Associated Press. Trata-se da segunda sentença do género no reino saudita este mês.
Ainda não se conhecem muitos detalhes sobre NourahbintSaeedal-Qahtani, presa desde 2021, pertencente a uma das maiores tribos da Arábia Saudita e que “supostamente” tem um historial de “ativismo”.
Um documento do tribunal consultado pela Associated Press e por grupos de defesa dos direitos humanos indica que a acusação e a sentença tem como base o uso das redes sociais, mas as autoridades sauditas recusam-se a prestar informações e explicações.
Esta sentença ocorre depois da saudita Salma al-Shehab, estudante de medicina em Leeds, Inglaterra, ter sido condenada a 34 anos de prisão em Riade igualmente pelo uso “indevido” das redes sociais.
O caso de Salma al-Shehab tem sido denunciado por organizações não-governamentais em todo o mundo.
De acordo com a Associated Press, o tribunal saudita que condenou Nourah bint Saeed al-Qahtani a 45 anos de prisão evocou a legislação contra o terrorismo e contra crimes informáticos durante o julgamento. O tribunal que julgou o caso de al-Qahtani é o mesmo que costuma julgar casos políticos e de crimes contra a segurança nacional.
Segundo os documentos a que a Associated Press teve acesso, os juízes consideraram que a mulher “afetou a coesão social” e “destabilizou o tecido social”.
Os mesmos documentos, indicam que os juízes consideram que “[al-Qahtani] cometeu ofensas contra a ordem pública através da informação difundida pelas redes sociais”.
Ainda não se conhece o conteúdo das publicações de al-Qahtani que foi detida no dia 4 de julho de 2021, segundo a organização Democracy for the Arab World Now (DAWN), com sede nos Estados Unidos.
LUSA