Arábia Saudita já começou a dar cartas de condução a mulheres

A Arábia Saudita começou esta segunda-feira, 4 de junho, a dar cartas de condução às mulheres.

Os primeiros documentos foram distribuídos a vinte dias do decreto real que autoriza as mulheres a sentarem-se ao volante, naquele país muçulmano ultraconservador, começar a poder ser aplicado.

“A direção-geral da circulação começou hoje a substituir cartas de condução internacionais reconhecidas no reino por cartas sauditas, antes da data de autorização de condução das mulheres, a 24 de junho”, indica um anúncio oficial difundido pela agência SPA.

A entrega das primeiras cartas de condução sauditas a mulheres decorreu “em numerosos locais e em diversas cidades”, precisou a SPA.

Além de terem verificado “anteriormente as cartas de condução internacionais”, os responsáveis da autoridade de viação do país “avaliaram as capacidades” das requerentes “submetendo-as a um exame prático”, acrescentou a agência.

A Arábia Saudita era até à data o único país do mundo em que as mulheres não tinham o direito de conduzir. Em setembro de 2017, o rei Salman anunciou o levantamento dessa proibição, a partir de junho de 2018, no âmbito de reformas inspiradas pelo filho, o príncipe herdeiro Mohammed ben Salman.

A medida encarada por uns como um passo na emancipação das mulheres naquele país, mas ainda vista, por muitos ativistas, como insuficiente face aos parcos direitos que o sexo feminino ainda usufrui naquele país, gerou controvérsia recentemente.

O motivo da polémica foi o facto de a princesa Hayfa bint Abdullah Al Saud aparecer na capa de junho da Vogue Arábia ao volante de um descapotável vermelho. A imagem causou indignação junto das ativistas do país, que protestam contra uma imagem – e o texto que a acompanha – que ignoram a detenção de 11 mulheres, em maio, por defenderem o direito das mulheres sauditas a conduzir.

Apesar de quatro dessas ativistas já terem sido libertadas, a Amnistia Internacional alerta para as que permanecem ainda na prisão com destino incerto e sob as quais pendem acusações que podem levar até 20 anos de pena de prisão.

Ativistas condenam capa de revista com princesa saudita ao volante