Ariana Grande vive com a mesma doença de milhares de portugueses

Depois de 22 de maio de 2017, a vida da cantora nunca mais foi a mesma. Nem a dela, nem a de quem assistia ao seu concerto em Manchester, e que foi alvo de um ataque bombista que acabaria por colher a vida a 22 pessoas.

Pouco mais de um ano depois, a artista revelou que sofre de stress Pós-Traumático e que tudo mudou na sua cabeça e na sua perspetiva. Uma condição psicológica caraterizada, entre outros sintomas, pelo medo e que se inscreve no capítulo das perturbações de ansiedade.

Uma doença que atinge, também, milhares de portugueses e que pode manifestar-se na sequência de acidentes dramáticos e trágicos – como o que aconteceu com Ariana Grande -, mas também decorrentes de catástrofes, de situações traumáticas como, entre tantos outros exemplos, um parto, uma violação ou por violência doméstica.

Não creio que alguma vez vá falar sobre isto sem chorar”, declarou a cantora norte-americana de 24 anos à edição britânica da revista Vogue.

Uma reação pessoal à qual a cantora junta o facto de as vítimas daquele momento não lhe saírem da cabeça. “É difícil falar sobre isto porque muita gente sofreu perdas tão severas, tremendas. Sinto que nem sequer devia falar sobre a minha própria experiência – como nem sequer devia dizer nada”, respondeu àquela publicação, acreditando que o “tempo” irá colaborar na superação deste trágico ataque que teve lugar aquando do concerto da tour Dangerous Woman.

Com o intuito de não mais – nunca mais – esquecer a data, a cantora de One Last Time tatuou uma pequena abelha atrás da orelha esquerda e publicou a imagem na sua conta de Twiter (e que pode ver abaixo).

Um símbolo, acompanhado da palavra Forever (para sempre, em tradução literal), que assinala o primeiro ano sobre o atentado bombista e que pretende ser um ícone de esperança para os habitantes de Manchester após o ataque perpetrado por Salman Abedi, de 22 anos.

Por cá, os dados da incidência da doença estão longe de estar estabelecidos. Certo é que a perturbação de stress pós-traumático, ao inscrever-se – segundo vinca a Direção-Geral da Saúde – nas patologias em torno da ansiedade, projeta esta doença nos números.

As estatísticas mais contundentes sobre esta matéria remontam a 2004, quando o psiquiatra Afonso de Albuquerque apresentou um estudo segundo o qual afirmava que o stress pós-traumático era a segunda doença psiquiátrica com maior prevalência.

As contas que o especialista fazia apontavam para que 1 em cada 12 portugueses vivesse ou tivesse passado por episódios de medo e ansiedade na sequência de uma experiência difícil. Cálculos feitos, Afonso de Albuquerque falava então em perto de 900 mil pessoas.

Se o rácio da doença – muito associada a ex-combatentes da guerra colonial – não tiver sido alterado, falamos hoje de mais de 850 mil pessoas.

Imagem de destaque: Phil McCarten/Reuters

8 estratégias para lidar com a ansiedade