Arquitetos portugueses vencem concurso na Letónia

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Fotografia do Facebook de Ana Isabel Santos

Um grupo de quatro jovens arquitetos portugueses, recém-formados pela Universidade de Évora (UÉ) e oriundos de diversas partes do país, venceu um concurso internacional de arquitetura para a conceção de um ‘Spa de Natureza’ na Letónia.

Ana Isabel Santos, João Varela, João Tavares e Paulo Dias, com idades entre os 25 e os 28 anos, formam o grupo vencedor da competição, realizada pela plataforma ‘online’ Bee Breeders, sediada em Hong Kong e organizadora de concursos internacionais de arquitetura, que divulgou na terça-feira os resultados.

“Esta vitória é uma mais-valia para o nosso currículo e trabalho individual. Era uma competição internacional e ficámos à frente de ateliês pelo mundo fora”, nomeadamente “um de Inglaterra (2.º lugar) e um dos Estados Unidos da América (3.º)”, disse à agência Lusa Ana Isabel Santos, de 26 anos.


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A conquista, que lhes garante um prémio pecuniário de 11 mil euros e a colaboração, como consultores, na concretização do projeto, caso este avance, pode também servir de estímulo para os jovens arquitetos portugueses.

“Achamos que podemos inspirar outros jovens, muitos deles ainda sem trabalho, a não desistirem de fazer o que gostam. Numa profissão com um mercado de trabalho tão saturado, esta é outra forma de trabalhar, sem ser num ateliê”, afirmou.

Naturais de diversas partes do país, os quatro jovens formaram-se no curso de Arquitetura com Mestrado Integrado da Escola de Artes da UÉ e trabalham, agora, em ateliês em Lisboa.

“Somos amigos e antigos colegas e juntamo-nos para partilhar ideias e refletir sobre o trabalho que vamos fazendo. Como temos uma visão mais ou menos aproximada do que é a arquitetura, sempre que podemos partilhamos estas experiências”, através dos concursos, explicou.

Estas competições “são importantes para mantermos a nossa capacidade crítica e liberdade criativa, para além do trabalho que desenvolvemos nos distintos ateliês”, frisou.

Depois de, no ano passado, terem ficado em 3.º lugar num concurso de arquitetura para um museu de arte contemporânea em Mértola (Beja), através de outra plataforma, os quatro jovens concorreram à iniciativa da Bee Breeders para o ‘Spa de Natureza’ na Letónia, o Blue Clay Country Spa.

Investigaram a construção tradicional desse país da União Europeia, onde nunca foram, e perceberam que “é sobretudo feita em madeira e em colmo”, contou a arquiteta, acrescentando que estudaram ainda o clima e a forma como os edifícios se relacionam com a paisagem e com o território.

O projeto, previsto para “um lugar isolado, rodeado de floresta” e junto a um lago, tinha de atrair “o maior número possível de turistas” e proporcionar conforto, mas integrar-se neste cenário natural e ser sustentável.

“Chegámos a um edifício que, ao mesmo tempo, é um percurso, que permite identificar vários pontos de vista no local, com variações de espaços mais privados e mais públicos, mas sempre em grande contacto com a natureza e a zona envolvente”, resumiu.

Com alojamento, restaurante, ‘spa’, hortas e pomares, o projeto, em forma de círculo, acrescentou, convida “ao encontro e à reunião das pessoas no interior” e contraria a ideia de que “é muito difícil encontrar centralidade na floresta”.

“E, como queremos que seja sustentável, está assente em ‘pilotis’ (espécie de pilares). No momento em que decidam tirar o edifício, não ficam vestígios no terreno e as madeiras podem ser reaproveitadas para outra coisa”, destacou.

A ligação deste projeto ao território foi uma preocupação dos arquitetos, fruto do que dizem ter sido a sua formação na UÉ.

“O facto de termos estudado numa universidade no interior que está muito exposta à paisagem e ao território, desde o Alqueva, ao montado, às paisagens alentejanas e até ao núcleo histórico de Évora ser Património Mundial da UNESCO, influenciou completamente a nossa forma de trabalhar. É uma mais-valia e um ponto diferenciador dos nossos projetos”, afiançou Ana Isabel Santos.