Tem a certeza daquilo que o seu filho faz quando está a usar o telemóvel? Apesar de os especialistas alertarem os pais para a necessidade de controlar alguns conteúdos que estão à distância de um clique, há aplicações que vêm dificultar todo o trabalho. São gratuitas, de fácil acesso para Android e iPhone, mas usam uma capa para esconder a realidade: o desenho de uma calculadora.
Se, por exemplo, um adulto entrar no telemóvel de uma criança para ver que tipos de conteúdo guarda, no menu principal vai encontrar, entre outras aplicações, uma calculadora que não é o que parece. Funciona quase como uma pasta secreta da galeria de imagens, que permite importar as fotos selecionadas para lá (veja na imagem que se segue, passo a passo, como funciona). Ao inserir uma sequência numérica (password previamente definida pelo utilizador) tem acesso ao verdadeiro objetivo do aplicativo: ocultar fotos e vídeos de terceiros.
Dentro dos conteúdos escondidos, o que pode ser maior motivo de preocupação é o “sexting” (compartilhar fotos de caráter sexual) que, segundo um estudo da JAMA Pediactris, tem vindo a aumentar entre adolescentes ao longo da última década. A investigação, publicada este ano, revela que um em cada quatro jovens (menores de 18 anos, incluindo crianças de 11) disse ter recebido mensagens de cariz sexual e um em cada sete revelou ter enviado. Uma vez enviada uma fotografia para outro destinatário, perde-se completamente o rasto desta.
Este género de aplicações e os perigos inerentes à utilização delas, pelos mais novos, passaram a ter maior visibilidade quando a responsável pelo departamento judicial do estado de Alabama, nos Estados Unidos da América, decidiu alertar os pais. Na sua página oficial do Facebook partilhou um vídeo em que explica tudo sobre uma dessas aplicações, a Calculator%. Após o alerta, a aplicação deixou de estar disponível e foi alvo de investigação policial.
A má notícia é que a Calculator% não é um caso isolado. Há outras aplicações com funcionalidades semelhantes e em que desenho ou símbolo utilizado continua a ser o de uma calculadora, contribuindo para iludir os pais sobre o que realmente representa.
Para quem tem iPhone, este tipo de aplicações não é tão fácil de encontrar: “são menos comuns devido às políticas rígidas da Apple“, refere o programador Rubén Fernández, ao EL PAÍS. Nos dispositivos com o sistema operativo Android “a atenção que é dada à privacidade do usuário é menor, por isso estas aplicações são permitidas mais facilmente”, explica.
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