Saiba como as lojas de roupa são arrumadas para impulsionar as suas compras

Hanger with new clothes
Hanger with new clothes in a clothing store

Já reparou que os looks que mais vê nas ruas e nas revistas estão normalmente na montra das lojas, ou em destaque bem perto da porta? Não é mero acaso. A forma como a roupa se arruma numa loja é uma verdadeira ciência desenvolvida para motivar as compras.

O grande cartão de visita das lojas de roupa são as montras, que normalmente estão alinhadas com as campanhas das marcas, mas também com as tendências da estação. No entanto nas grandes cadeias de mass market é frequente que uma marca tenha montras diferentes com base na sua localização e nas necessidades dos clientes que mais frequentam aquele espaço.

Clientes estudados ao pormenor

“A equipa de coordenação dos escritórios centrais de cada marca e suas respetivas equipas nos países, têm a missão de que o “enfoque global” de cada marca seja adaptado à realidade de cada loja, e que ao mesmo tempo cumpra com os requisitos de cada espaço comercial e satisfaça as necessidades dos clientes”, descreve o Departamento de Comunicação & Marketing da Inditex ao Delas.pt. As necessidades específicas do público alvo de cada loja são apuradas pelas equipas de loja, como nos explicou a mesma entidade, que detém marcas como a Zara, Bershka, Lefties, entre outras: “as equipas de loja, começando pelos responsáveis ​de cada uma delas, fornecem a sua análise sobre as preferências dos clientes que se dirigem àquela loja em particular, para efetuarem a adaptação final sem perder a homogeneidade da imagem da marca. Para dar um exemplo ilustrativo, as equipas de coordenação destacam um determinado artigo numa loja situada numa zona de negócios que será diferente aos artigos em destaque numa loja situada numa zona residencial, mas mantendo uma imagem comum da coleção e da loja.”

Uma estratégia semelhante é usada pela Mango, outra gigante da moda. “O visual merchandising das lojas tem por base a localização de cada loja, e o perfil de consumidores, que pode ser radicalmente diferente mesmo em lojas que estão na mesma cidade. A ideia é, no entanto, manter o mais possível a imagem global da marca mas fazendo-a mais apelativa para o consumidor local”, conta Gerardo Porcel, Director de Visual Merchandising da Mango, ao Delas.pt, que acrescentou ainda que “existem previamente desenhadas sempre três ou quatro opções de montra e que cada loja deve escolher as que mais se adaptam aos seus clientes”.

Olhamos para a direita primeiro e gostamos de sugestões

As páginas de publicidade localizadas no lado direito das revistas são mais caras que do lado esquerdo, o lado direito dos quadros e fotografias deve ser sempre mais leve que o esquerdo para manter o equilíbrio da imagem, e quando entramos numa loja também nos dirigimos tendencialmente para o lado direito.

Seria por isso de esperar que fosse desse lado da loja que estivessem as peças mais caras, ou mais entusiasmantes da coleção, no entanto, Porcel garante que no caso da Mango este não é um fator de peso para decidir a localização de determinada peça de roupa. “Depois de vários estudos, vimos que os clientes nos países ocidentais tendem a ir para o lado direito quando entram na loja, mas essa tendência também depende do layout. No entanto, isso não é algo que levamos em conta quando pensamos na distribuição, pois a ideia é criar uma atmosfera geral que seja confortável e atraente para os clientes”.

Quanto mais intuitiva e simples for a experiência do consumidor em loja mais eficaz será a compra, é por isso importante que o consumidor consiga encontrar de forma rápida as peças que vê na montra, mas também são fundamentais os conjuntos sugestionados no interior da loja. É cada vez mais comum encontrarmos cabides duplos que coordenam partes de baixo com partes de cima, ou casacos com vestidos, fazendo uma proposta subtil de possível conjunto.

Esta é uma estratégia que pode impulsionar uma compra inesperada e intuitiva. “Mostrar aos clientes como podem combinar certas peças vai ajudá-los a imaginarem-se com elas vestidas, o que pode resultar na compra do look completo, ou apenas na compra de uma peça porque já sabem como a devem combinar com algo que já possuem”, explica Gerardo Porcel.

Concluímos assim que para duas das maiores empresas da moda de massas Mango e Inditex a grande segredo para ter lojas apelativas para os clientes é a adaptação da imagem global da marca às necessidades particulares de cada cliente loja a loja.

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