Os horrores e as maravilhas da gravidez. Elas contam como foi

Catarina e Marta. Duas mulheres de 37 anos que têm em comum a maternidade, mas vivem, entre si, um fosso de experiências em torno dessa mesma vivência. A primeira odiou – isso mesmo, odiou – estar grávida. A segunda adorou. Sim, também o faz com a mesma intensidade.

No dia em que se evoca a gravidez, dia nove do nono mês do ano – setembro – numa relação direta aos nove meses de gestação, estas mulheres, sob anonimato, recordaram ao Delas.pt sensações, emoções e momentos duma fase da vida que está longe de ser consensual, apesar de grande parte da narrativa vigente falar em “maravilhas”.

É que se para algumas mulheres, este momento é um sonho. Para outras, é o pesadelo que se lhes abate sobre os ombros. E nem sempre a sociedade compreende tão bem este segundo grupo.

Num frente a frente, Catarina e Marta falaram de como reagiram às mudanças no corpo, às crescentes limitações de mobilidade, às privações do sono e dos pequenos vícios como um simples copo de vinho. Tudo isto sem esquecer o sexo ou a forma como uma barriga de grávida parece, socialmente, passar a ter um letreiro a dizer: “Por favor… pode mexer”.

Na galeria acima, fique a conhecer o que cada uma daquelas mulheres tem a dizer sobre a gestação.

Para lá dos relatos que cada recém-mamã pode ter, há, contudo, outros aspetos que, em matéria de maternidade, merecem hoje destaque. Numa sociedade em que ter um filho é um projeto que se cumpre cada vez mais tarde, tal pode acarretar custos para a saúde de ambos, mas nem sempre há consensos nos estudos que vão sendo divulgados internacionalmente.

Gravidez não é doença. Mas será que se está a tornar?

A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) alertou esta semana para o aumento de grávidas obesas, com diabetes, hipertensão arterial, síndrome depressivo e patologia osteoarticular, problemas que estão a preocupar os especialistas desta área.

“Em Portugal temos cada vez mais as doenças associadas aos excessos, ao sedentarismo e à idade avançada. Há cada vez mais grávidas obesas, com diabetes, hipertensão arterial, síndrome depressivo, patologia osteoarticular”, segundo Inês Palma dos Reis, coordenadora do Núcleo de Estudos de Medicina Obstétrica (NEMO) da SPMI.

A propósito do Dia da Grávida, que se assinala sábado, este núcleo da SPMI citou à agência Lusa dados da base de dados Pordata, segundo os quais a idade média da mãe ao nascimento do primeiro filho está hoje nos 30,3 anos. Há 16 anos não ia além dos 26,5.

Relativamente aos partos depois dos 40 anos (5,2% do total em 2015), Inês Palma dos Reis referiu que, “com o avançar da idade, acumulam-se muitas vezes as doenças e até a medicação crónica, com respetivos riscos para a gravidez“.

Em mulheres com hipertensão arterial, por exemplo, “é mais frequente haver complicações na gravidez, como a pré-eclampsia e eclampsia, com riscos para a mãe e feto, parto pré-termo, alterações no crescimento fetal, aborto ou morte fetal”, acrescentou.

Segundo Inês Palma dos Reis, “algumas doenças, como as associadas a disfunções da imunidade, podem apresentar menos sintomas durante a gravidez. Por outro lado, as doenças ou a medicação necessária para as controlar podem, por vezes, diminuir a fertilidade, aumentar o risco de malformações fetais, transmissão fetal ou outras alterações no seu desenvolvimento e dificultar o adequado aumento de peso materno ou um trabalho de parto seguro”.


Recorde estudos que apontam para o facto de mães mais velhas terem filhos menos problemáticos


A SPMI reforça a importância de “hábitos de vida saudáveis (exercício, alimentação, evitar álcool, tabaco, drogas) e de procurar vigilância médica adequada, sobretudo nos casos em que são já pré-existentes doenças e/ou medicação crónicas”.