As mil e uma razões para ver “Big Little Lies”

A minissérie “Big Little Lies” foi uma das grandes vencedoras dos Globos de Ouro, com quatro prémios arrecadados – Melhor Minissérie, Melhor Atriz, Melhor Ator Secundário e Melhor Atriz Secundária. Mas não é só por esta enxurrada de galardões que vale a pena ver esta série, “Big Little Lies” tem muito mais que se lhe diga.

A série de sete episódios foi co-produzida por Nicole Kidman e Reese Witherspoon, que também são protagonistas, e dirigida por Jean Marc-Vallée. Às duas atrizes já referidas junta-se Shailene Woodley, e é nas vidas das três mulheres a quem estas atrizes dão corpo que a ação principal se centra. Aqui está o primeiro motivo para não perder esta produção: esta é uma narrativa feminina. Celeste, Madeline e Jane são mães e os filhos andam todos na mesma turma da pré-primária. As três, apesar de terem vidas completamente distintas, criam uma amizade forte que as torna nos pilares umas das outras. Eis o segundo motivo para se deixar prender ao ecrã: a amizade real entre mulheres.

Celeste (Nicole Kidman) é uma advogada que abdicou da carreira para se dedicar a cuidar da família. É mãe de dois gémeos, não tem problemas económicos, é bonita, casada com um homem mais jovem, tem uma vida sexual tórrida…Tem a vida perfeita perante os olhos de todos, mas dentro de casa o seu casamento torna-se violento. Terceiro ponto a favor: o tema da violência sobre mulheres é posto em cima da mesa sem pudores. Apesar das brutais agressões que sofre do marido, Celeste reage, bate-lhe sempre que as forças lhe permitem reagir, quando as explosões de raiva acalmam chega o sexo escaldante. Um turbilhão de sentimentos que não deixa clara a barreira entre o que é abuso e o que é fetiche, mas que deixa marcas cada dia mais profundas. Quarta (e talvez melhor razão) para não perder um episódio desta minissérie: a construção da personagem e a interpretação incrível de Nicole Kidman.

As amigas de Celeste

Mas há mais motivos, claro, ou não fosse esta uma minissérie feita com um elenco de luxo e atrizes de primeira linha. A complexidade das personagens não se esgota na da atriz australiana.

Reese Witherspoon, por exemplo, é Madeline, a melhor amiga que toda a gente quer ter e a inimiga que ninguém deseja. Divorciada, casada pela segunda vez num casamento sem grande chama, com duas filhas uma delas adolescente, esta mulher trava várias lutas interiores, mas a sua maior batalha é a luta constante para ser uma mãe perfeita. E chegamos ao quinto ponto a favor de Big Little Lies: aborda as questões da maternidade.

Já Shailene Woodley interpreta Jane, uma forasteira acabada de chegar à cidade, mãe solteira, que sofreu um abuso sexual do qual resultou uma gravidez. Vive com os fantasmas do passado e é tomada de assalto pela agressividade e o medo. Sexta razão para ver: esta minissérie não retrata apenas os abusos contra mulheres, mas também as consequências da violência a longo prazo.

O filho de Jane, Ziggy, é o resultado de uma violação e no primeiro dia de escola é acusado de bullying. Jane debate-se para tentar perceber se o seu filho é um agressor e procura a melhor forma de encontrar a verdade e ajudar o seu filho. Sétima razão: a vida paralela que as crianças têm na escola e as dificuldades dos pais sobre a melhor forma de intervir nesse ambiente são outro dos temas fortes.

Aliás, o primeiro episódio começa numa festa da escola à noite, uma festa de adultos, e durante a qual os filhos são deixados em casa. Uma noite animada e em que tudo parece correr bem até que um corpo é encontrado nas escadas. Oitava razão: isso mesmo, não falta ação e mistério, esta série também é um policial! Por fim, os motivos nove e dez, para não desligarmos o ecrã, são da responsabilidade da banda sonora e da fotografia, que dão vontade de ver cada episódio numa tela de cinema. Se estas dez razões não serviram para a convencer, então desistimos. Se está convencida. não perca tempo porque “Big Little Lies” vai andar nas bocas do mundo nas próximas semanas.

Veja na nossa galeria algumas das imagens da minissérie que marcou 2017 e irá continuar a dar que falar em 2018.

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