As mulheres estão a morrer mais devido ao consumo de álcool. Porquê?

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O número de mortes relacionadas com o consumo de álcool entre as mulheres tem vindo a crescer e as estatísticas apontam para mais de 85% entre os anos de 1999 e 2017. Quem o afirma é um estudo recente publicado pelo Instituto Nacional de Abuso de Álcool e Alcoolismo dos Estados Unidos da América.

O estudo avaliou, nos últimos anos, os dados de óbito naquele território e revelou números bastante alarmantes. De 1999 a 2017, houve um aumento de 85% de mortes relacionadas com o álcool, em mulheres, face a um aumento de 35% nos homens. Ainda assim, é importante ressalvar que continua a ser superior o número de homens que morre por consequências do consumo excessivo de álcool.

Mas este não foi o único estudo desenvolvido sobre a temática. Outras pesquisas afirmam que o consumo de álcool entre as mulheres está a aumentar constantemente, afirmando que, comparativamente a 2001/2002 e 20112/2013 houve uma aumento de 58% de consumo de alto risco entre as mulheres, que equivale a beber mais de três copos por dia ou sete por semana.

Ao compararmos os dados entre homens e mulheres, observamos que ainda que a taxa de mortes relacionadas com o álcool, entre os homens, tenha aumentado, o consumo permaneceu relativamente estável. Os homens continuam a beber mais do que as mulheres, mas as tendências atuais apontam para que, segundo os especialistas, as mulheres possam equiparar ou mesmo superar esta taxa.

E, admire-se ou não, a maior taxa de prevalência de relatos em que mulheres ficam alcoolizadas é na faixa jovem, especialmente entre estudantes universitárias, que relatam muitos mais casos de embriaguez face aos reportados pelos rapazes.

O stress é um dos grandes culpados

Susan Stewart, professora de sociologia nos Estados Unidos da América e entrevistada pela Refinery29 afirmou que, segundo uma pesquisa que está a desenvolver, um dos grandes fatores que está a impulsionar o consumo de álcool no género feminino é mesmo o stress. “As mulheres falam muito de precisarem de tempos para si mesmas”, explica a socióloga, especificando: “estão a trabalhar, a cuidar das crianças, estão exaustas e precisam de algum tipo de saída. Beber uns quantos copos de vinho parece ser o truque adotado“, terminou.

O facto de as mulheres estarem cada vez mais a apostar nas suas carreiras pode também potenciar este tipo de comportamento, uma vez que já não ficam apenas em casa nas lides domésticas, mas acabam por ter mais jantares – inclusive de clientes e de trabalho – em que podem ter mais oportunidades para consumir.

Os perigos do consumo excessivo de álcool para as mulheres face aos homens

Segundo explicou a especialista ao mesmo meio de comunicação, o que torna esta questão tão preocupante é que as mulheres são mais vulneráveis a algumas consequências do álcool. Como temos menos água no corpo do que os homens, é mais difícil de diluir a bebida na corrente sanguínea. Isto significa que mesmo que beba exatamente a mesma quantidade de álcool do que um homem com a sua exata estatura, o seu valor de álcool no sangue vai ser sempre superior ao dele.

Agora, claro está que nem todas as mulheres fazem um consumo abusivo de álcool e, aliás, não tem problema algum em sair de vez em quando com os seus amigos e beber uns copos. O importante está em conseguir perceber quando o consumo de álcool começa a ser um problema e a colocar em risco a sua saúde – física e psicológica.