As razões que levam mulher a ter maior risco de Alzheimer que os homens

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Uma longevidade maior era, até ao momento, uma das razões mais usadas para indicar a propensão acrescida nas mulheres para o desenvolvimento de risco da doença de Alzheimer e demência, com manifestações inclusivamente mais severas. No entanto, os cientistas estão a encontrar outros motivos para esta predisposição.

Uma nova pesquisa apresentada numa conferência internacional que decorreu em Los Angeles, nos Estados Unidos da América, vem dizer que uma maior conectividade cerebral, a par de genes específicos do género, pode contribuir para esta condição .

Segundo postulam os investigadores da Vanderbilt University Medical Centre e de acordo com centenas de imagens cerebrais de homens e mulheres que exploram a proteína Tau (que ajuda na formação de estruturas cilíndricas que se revelam essenciais na comunicação entre os neurónios), uma acumulação desordenada e emaranhada faz com que as células do cérebro morram, criando problemas de memória.

Ora, se o cérebro feminino regista maior número de ligações nas regiões onde aquelas proteínas se acumulam, então há risco mais elevado de acumulação e consequente declínio cognitivo.

Há ainda, de acordo com a investigadora britânica do Centro de Pesquisa para o Alzheimer, Jana Voight, “especificidades de conexão cerebral segundo o sexo que podem contribuir para explicar a diferença de risco da doença de Alzheimer em mulheres e homens”. Uma análise que, explica ainda, não descarta a necessidade de mais estudos neste campo.

A partir da Universidade de Miami, nos Estados Unidos da América, chegam indicações no mesmo sentido. O médico cientista do Instituo de Pesquisa do Genoma Humano, Brian Kunkle, afirma que “a genética pode contribuir para essas mesmas diferenças quer no risco, quer na progressão da doença”. Voight salvaguarda, no entanto, que “ainda se desconhece a razão pela qual certos genes estão ligados à doença de Alzheimer num género e não no outro, mas desvendar isso pode trazer algumas respostas para explicar porque é que as mulheres têm mais demência que os homens”.

Portugal é o quatro país do mundo com maior incidência da doença. Os dados mais recentes chegam do estudo Health at a Glance, que data de 2017, e coloca o território nacional atrás do Japão, Itália e Alemanha, registando 30 a 35 casos por mil habitantes. O mesmo relatório, mas do ano seguinte, de 2018, estimava em 9,1 milhões as pessoas com mais de 60 anos a sofrer da doença nos estados-membros europeus, comparando com 5,9 milhões apontados em 2000.

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