“Posar nua era um sinónimo de liberdade. Você era dona do seu corpo”

fernanda torres

A atriz brasileira Fernanda Torres está a lançar o seu segundo romance. Revela que as redes sociais a fizeram perceber que era uma mulher do século XX e defende Chico Buarque das críticas que lhe foram feitas

Fernanda Torres é conhecida como atriz, mas a primeira incursão na literatura com ‘Fim’ abriu-lhe uma vida alternativa, a que regressa com uma segunda experiência no romance: ‘A Glória e Seu Cortejo de Horrores’. O romance já chegou às livrarias e aproveitou a passagem por Lisboa para o promover. Da janela do hotel vê-se a cidade e sente-se que lhe provoca um fascínio por ser mais calma do que a sua, por ver muitos turistas e por ter sido reabilitada a nível urbanístico. Recorda que a primeira vez que esteve em Portugal tinha 9 anos e foi depois do 25 de Abril: “Era um país cinzento e as pessoas tinham um ar triste. Agora, é tudo diferente!” Não demora que a conversa salte para a situação política brasileira: “O país caminhava para uma redemocratização e havia sensação de futuro, agora é o caos económico e não se sabe para onde vai. Esperava-se que o PT entrasse para mudar e o resultado foi uma desilusão.” Remata o tema da convulsão social brasileira assim: “Vivi a vida inteira num país em crise. O período em que o Brasil andou bem é que me era estranho.”

Daí para o novo livro é um desvio rápido, em que se percebe que a solidão do escritor nem sempre satisfaz a atriz: “Vinha de cinco anos da gravação de um seriado com sucesso na Globo e não conseguia sequer fazer teatro nos intervalos. Por isso o livro foi escrito como uma saída da rotina, um momento em que não estava sempre com alguém perto. Tenho uma grande necessidade de solidão e a escrita permite dar asas à imaginação, mas houve um momento em que a solidão bateu forte. O Sol levantava e punha-se e eu a escrever. Chegou uma hora em que comecei a pegar filho na escola a fazer qualquer coisa para sair de casa.”

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