Ashra Panahi tinha 16 anos, era estudante e foi espancada na sala de aula na passada quarta-feira por alegadamente ter recusado cantar o hino a elogiar o líder supremo.
A jovem terá morrido depois no hospital. Segundo conta o jornal britânico The Guardian e como revela o comunicado do Conselho de Coordenação de Professores, a escola secundária Shahid, em Ardabil, a quase 600 quilómetros a norte de Teerão, terá sido palco de uma invasão e agressão dos alunos, com desfecho trágico.
O sindicato descreve que, durante as “cerimónias ideológicas da soberania”, os “alunos foram levados das escolas por ameaça e força para o local de Ali Qapu, onde a presença de estudantes, especialmente meninas, naquela área era irracional”, lê-se na nota emitida na rede social Telegram. “No início da cerimónia, vários estudantes começaram a gritar palavras de ordem contra a discriminação e a desigualdade promovidas pelo governo e foram insultados e espancados por homens à paisana e mulheres com véus que alegavam dar segurança”, prossegue a descrição.
Mais tarde, após regresso dos alunos ao espaço escolar, “a escola foi novamente invadida e ameaçaram e espancaram os alunos novamente na frente do diretor Geral de Educação da província de Ardabil. Enquanto isso, uma das estudantes chamada #Asra_Panahi infelizmente morreu no hospital e vários estudantes também foram presos, mas as estatísticas e informações exatas não foram anunciadas”, acrescenta.
Another life claimed by Iranian regime.
16-year old Asra Panahi beaten up mercilessly for protesting against the Hijab in Ardebil, Iran. Internal injuries led to her death. pic.twitter.com/N2eipOJWc3
— Monica Verma (@TrulyMonica) October 17, 2022
Para o Conselho de Coordenação das Associações Profissionais de Professores do Irão, o “leque de comportamentos brutais e desumanos de forças arbitrárias estendeu-se às universidades, escolas e espaços educacionais, considerados uma segunda casa e segura para os estudantes”. A organização fala em entrada “ilegal” e acrescenta: “Eles batem, prendem estudantes e até lançam gás lacrimogéneo nas escolas primárias”, refere o comunicado. A estrutura sindical acusa os administradores escolares de pactuarem com os superiores regionais e gerais.
Os relatos de repressões em espaço escolar terão começado, como relatou o The Economist na semana passada, quando alunas se recusaram a usar hijab e publicaram isso mesmo nas redes sociais. Agora, as autoridades do Irão recusam qualquer responsabilidade na morte de Ashra Panahi. Um homem identificado como sendo o tio da adolescente surgiu, já depois do óbito, nos canais de televisão estatais alegando que ela terá morrido de um problema cardíaco congénito.