Assunção Cristas: “O governo falhou” e Costa “não foi estadista”

pedro correia
Presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, quer discutir medidas que promovam a natalidade (Foto: Pedro Correia/Global Imagens)

A líder do CDS-PP entregou esta terça-feira, 23 de outubro, uma moção de censura ao executivo, tendo por base as tragédias dos incêndios de Pedrógão Grande e de 15 de Outubro e nos quais morreram mais de uma centena de portugueses.

“O governo falhou” foi uma das frases que Assunção Cristas mais repetiu aquando da apresentação desta iniciativa parlamentar que vai ser votada ainda esta tarde.

Falando da tragédia e das vítimas de Pedrógão Grande – em junho e em cujos incêndios morreram 64 pessoas – Cristas lembrou que “o governo ignorou o curto-prazo”, “esperou por conclusões de um relatório como se a catástrofe não esperasse uma reposta rápida, mas o desastre voltou a acontecer”, “duplamente em quatro meses”. “Em outubro, vieram os fogos, a morte a a destruição”, referiu.

Num discurso de mais de 20 minutos, a líder centrista apontou falhas ao primeiro-ministro, ao governo, à Autoridade Nacional da Proteção Civil, junto de quem não houve “capacidade de comando”, que “não acautelaram os meios, não intensificaram a informação de alerta junto das populações para comportamental de risco, não fiscalizaram, não acautelaram quando todos os avisos meteorológicos” apontavam nesse sentido.

E continuou: “o governo falhou” porque “não teve boa resposta” à pergunta: “Como é possível isto ter voltado a acontecer?” Mais: “Falhou porque, quando perdia a vida de dezenas de pessoas, os responsáveis fizeram intervenções inqualificáveis“, “mensagens simples de cada um por si e salve-se quem puder”.

Costa “não foi estadista”, foi “político habilidoso”

Numa crítica dirigida a António Costa, Assunção Cristas acusou o primeiro-ministro de, ao longo deste tempo, ter tratado “assuntos sérios com muita ligeireza”. A líder centrista afirmou mesmo que o governante “falhou e não reconheceu, arrepiou caminho vencido, mas não convencido”. Por isso – acrescentou Cristas – “quando o país precisava de um estadista, constatou que tinha apenas um político habilidoso”.

Diz mesmo que as medidas propostas no fim de semana “são poucas para a profundidade dos danos”, “foram poucas” e muita delas “tirados a ferro pela palavra do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e da censura popular”.

Manobra partidária? Cristas fala em “consciência” e “vergonha nacional”

“Quem nos acusa de manobra partidária, olhe para si e, em consciência, diga aqui, hoje e agora que razões são mais importantes do que a tragédia humana que por duas vezes nos atingiu e que toca na vida das pessoas”, afirmou a líder centrista.

Cristas vinca que o recurso à moção seria a única ferramenta e que deveria ser usada para “honrar” quem confiou no partido. Ao mesmo tempo, refere que a “omissão” por parte do CDS-PP “envergonharia enquanto parlamento”.

Uma vez apresentado este veto a este governo, a líder centrista vinca que “cada um fará a sua escolha”. “Portugal conta connosco [CDS-PP] para construir, para consensos alargados, para evoluir positivamente, para encontrar as melhores propostas e soluções, mas os portugueses contam também connosco para apurar todas as responsabilidades nestas tragédias, para ser a voz da indignação e não deixar passar em branco esta vergonha nacional”.

Imagem de destaque: DR