A atleta belga Marieke Vervoort tem apenas 37 anos e poucas no mundo conseguem ser melhores que ela nas corridas em cadeiras de rodas, mas quer pôr fim à vida já depois dos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, que decorrem entre 7 e 18 de setembro. A doença degenerativa que lhe foi diagnosticada em 2008 e lhe paralisou as pernas faz com que o seu dia-a-dia seja, segundo ela, insuportável.
Numa entrevista ao Le Parisien, explicou que durante o dia costuma desmaiar diversas vezes e só é acordada pelo cão de assistência com quem partilha a casa. À noite, as dores são tão intensas que dorme apenas durante períodos de 10 minutos. Competir nos Paralímpicos é o seu último sonho. Depois, quer morrer. Já entregou todos os documentos para pedir autorização para que lhe seja aplicada eutanásia. Agora só têm de ser analisados e autorizados por uma junta médica.
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“Depois vamos ver o que a vida me vai trazer e vou desfrutar dos melhores momentos. É muito difícil ver, ano após ano, o que já não posso fazer”, explicou a belga ao jornal francês Le Parisien.
Uma paixão mais forte que a doença
Marieke Vervoort foi bicampeã mundial de triatlo adaptado e depois bateu records paralímpicos já depois de 2008, quando mudou de modalidade, por causa do avanço da doença degenerativa. Sem poder utilizar as pernas para correr, a belga dedicou-se às corridas de cadeira de rodas e o resultado não podia ser melhor.
Nos Jogos Paralímpicos de Londres 2012 conquistou uma medalha de ouro nos 100 metros e duas de prata nos 200 e 400 metros. Três anos depois não só foi campeã do mundo na modalidade como quebrou recordes nas corridas dos 400, 800, 1500 e 5000 metros.
“Quando me sento na minha cadeira de competição tudo desaparece. Expulso os pensamentos obscuros de morte, tristeza, sofrimento e frustração. É assim que ganho as medalhas de ouro”, revelou ao jornal francês France 2. A atleta quer sentir tudo isso uma última vez no Rio de Janeiro.
“O Rio de Janeiro é o meu último desejo e espero acabar a minha carreira com um lugar no pódio”, acrescentou a belga.
Os amigos, que têm acompanhado de perto o sofrimento de Marieke Vervoort, já só querem que a atleta consiga aguentar as dores até ao final de setembro. “Espero que ela aguente até ao Rio, porque vejo as suas capacidades físicas cada vez mais deterioradas”, afirmou um dos amigos da atleta.
Na Bélgica a eutanásia é legal desde 2002 para pessoas que sofram de doenças físicas ou psíquicas incuráveis,