Ator Morgan Freeman pede desculpa a mulheres que o acusaram de assédio

Morgan Freeman e Julia Roberts
Fotografia: REUTERS/Mike Blake

O ator norte-americano Morgan Freeman pediu desculpa “a quem se sentiu desrespeitado ou desconfortável” com as suas ações, num comunicado emitido, esta quinta-feira, 24 de maio, depois de ter sido acusado de assédio sexual e comportamento impróprio.

Morgan Freeman, de 80 anos, está a ser acusado por oito pessoas de assédio sexual e comportamento impróprio, ao longo dos últimos anos, segundo uma investigação do canal de televisão CNN.

“Quem me conhece ou trabalhou comigo sabe que não sou capaz de ofender alguém intencionalmente, nem de criar situações que causem desconforto”, lê-se no comunicado, divulgado pelo agente do ator, Stan Rosenfield, citado pela agência Associated Press.

“Peço desculpa a quem se sentiu desrespeitado ou desconfortável, nunca foi essa a minha intenção”, conclui o ator.

Vencedor de um Óscar pelo desempenho em “Million Dollar Baby”, Morgan Freeman foi este ano homenageado pelo sindicato dos atores e argumentistas norte-americanos SAG-AFTRA, que anunciou rever a sua posição, na sequência da notícia da CNN.

“Todos os acusados têm direito à defesa, mas o nosso ponto de partida é acreditar nas vozes corajosas que denunciam casos de assédio”, disse a organização. “Tendo em conta que Freeman recebeu recentemente o nosso mais prestigiado prémio, estamos a avaliar a nossa posição e as medidas corretivas que neste momento se impõem”.

A notícia da CNN cruza depoimentos de pelo menos 16 pessoas, oito das quais dizem ter sido vítimas de assédio sexual por parte do ator e outras tantas terem presenciado comportamentos e atitudes impróprias em ambiente de rodagem, na promoção de filmes ou dentro da produtora Revelations Entertainment, que o ator criou.

Após a divulgação da notícia pela CNN, os transportes públicos da cidade canadiana de Vancouver, também anunciaram ter cancelado uma campanha publicitária que contacta com a voz de Morgan Freeman.

Entre os casos relatados pela CNN está o de uma assistente de produção da comédia “Ladrões com muito estilo” (2017), protagonizada pelo ator. Outro dos depoimentos é da jornalista Chloe Melas, que coassina a reportagem, recordando que, numa ronda de entrevistas a propósito daquele filme, Freeman teceu vários comentários de cariz sexual, enquanto a olhava insistentemente.

Quatro pessoas que trabalham em rodagens de produções com Morgan Freeman, ao longo da última década, descrevem um persistente comportamento impróprio que inclui assédio verbal e tentativa de, por exemplo, levantar as saias das mulheres.

A CNN disse ainda que tentou, sem sucesso, obter um esclarecimento ou reação do ator ou dos representantes.

“As alegações contra o Freeman não se referem a coisas que se passaram em privado. São coisas que alegadamente aconteceram em público, em frente a testemunhas e até mesmo em frente às câmaras“, escrevem as jornalistas An Phung e Chloe Melas.

Antes do [movimento de denúncia] #Metoo, muitos homens da indústria do entretenimento comportavam-se sem medo das consequências, porque muitas vezes quando algum homem com poder o fazia, era a vítima que sofria as consequências”, lamentam.

Morgan Freeman, 80 anos, é visto como um dos atores mais respeitados e famosos de Hollywood, com uma carreira premiada de quase cinquenta anos da qual fazem parte filmes como “Miss Daisy”, ” A fogueira das vaidades”, “Os condenados de Shawshank”, “Sete pecados mortais” ou “Invictus”.

 

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