Atriz de ‘Mulher Maravilha’ critica primeiro-ministro israelita

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Atriz Gal Gadot, que dá corpo a Mulher-Maravilha [Fotografia: Reuters]

Nas salas de cinema Gal Gadot, com 33 anos, tem dado corpo a Diane Prince, a Mulher-Maravilha, estrela da DC Comics. Fora delas, a atriz israelita decidiu usar os seus dotes para defender a sua congénere Rotem Sela, a apresentadora, atriz e top model, e para reagir ao primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, numa matéria que coloca o racismo como ponto central.

“Gostar do vizinho como de nós próprios não é uma questão de direita ou esquerda, judeu ou árabe, laico ou religioso. É uma questão de diálogo, de diálogo para paz e segurança e de tolerância entre todos”, escreveu Gadot em hebraico, nas redes sociais.

A atriz – que antes de dar nas vistas em Hollywood cumpriu serviço militar obrigatório em Israel por dois anos (tendo servido durante a guerra contra o Hezbollah e travada com o Líbano, em 2006, segundo a revista Vanity Fair) – lembrou que “a responsabilidade para com esta esperança depende de nós na criação de um futuro mais brilhante para os nossos filhos”.

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Apresentadora, atriz e manequim israelita Rotem Sela [Fotografia: Instagram]
Na origem desta atitude está o comentário crítico de Rotem Sela a uma entrevista televisiva concedida pela ministra da Cultura e Desporto, Miri Regev, do executivo de Netanyahu. Nela, a executiva do partido de direita Likud pediu para que os eleitores não votassem, a 9 de abril, no principal rival. Ou seja, a governante sugeriu que não se escolhesse Yair Lapid e Benny Gantz (cuja coligação de esquerda e por um estado judaico progressista está à frente nas sondagens) por este, uma vez eleito, poder vir a formar novo governo com formações pró-árabes.

“Qual é o problema com os árabes?”, questionou Rotem na sua conta de Instagram. Um texto no qual lembrou que “Israel é um Estado de todos os seus cidadãos e que todas as pessoas foram criadas iguais, mesmo os árabes e os druzos e – choque – os esquerdistas são humanos”, elencou, ainda, na mesma rede social.

Primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu [Fotografia: Ammar Awad/Reuters]
Primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu [Fotografia: Ammar Awad/Reuters]

Netanyahu não gostou do que leu e citou uma lei aprovada no ano passado e considerada polémica – e já duramente criticada por atrizes como Natalie Portman – para responder a Rotem. “Israel não é o Estado de todos os seus cidadãos” porque, “de acordo com a lei fundamental sobre a nação adotada no ano passado, Israel é o Estado-nação do povo judeu – e unicamente do Povo judeu“, justificou.

E, em plena campanha eleitoral, Netanyahu acrescentou: “Como escreveu, não há problema com os cidadãos árabes de Israel. (…) Só queremos realçar a questão central destas eleições: Israel deve ser liderado por um governo de direita forte, liderado por mim, ou por um governo de esquerda de Yair Lapid e Gantz com o apoio dos partidos árabes? Não há outro caminho para Lapid e Gantz estabelecerem um governo e tal governo minará a segurança do estado e dos cidadãos. A decisão será tomada nas urnas”.

Aprovada há cerca de um ano, a lei do Estado tem gerado enorme polémica dentro e fora do país por abrir a porta a uma possível exclusão de cidadãos. Entre eles, estão em causa os árabes – israelitas que descendem de palestinianos que permaneceram no território após a criação do estado de Israel, em 1948 -, e que atualmente representam mais de 1/5 da população (20,9% de acordo com dados de 2018 e citados pelo jornal The Times of Israel). De fora, focam também as minorias, que somam 4,8% dos perto de nove milhões de habitantes no território.

Imagem de destaque: Reuters

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