Autora de ‘The Handmaid’s Tale’ é uma “má feminista”?

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A série de televisão veio trazer discussão em torno do feminismo e tem sido aplaudida pela crítica, mas a criadora da distopia The Handmaid’s Tale [que pode ser vista, em Portugal, na NOS Play] , Margaret Atwood está a ser acusada da direção inversa por ter criticado o movimento #MeToo, tal como a atriz francesa Catherine Deneuve. E que já veio pedir desculpa às vítimas.

 

Margaret Atwwod [Fotografia: Mark Blinch/Reuters]

Atwood publicou uma crónica no jornal canadiano Globe and Mail com o título “Sou uma má feminista?” e está a gerar celeuma com o que escreveu. A romancista [autora do livro A História de uma Serva e adaptado para a série] considerou que o movimento cívico que tem trazido à luz do dia denúncias de assédio sexual junto da indústria do cinema – e não só – é o reflexo de uma justiça que não funciona.”O #MeToo é o sintoma de que o sistema jurídico está a falhar“, afirmou.

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“Frequentemente, as mulheres e outras vítimas de abusos sexuais falham na capacidade de conseguirem ser ouvidas com justiça pelas instituições, o que compreende as empresas, utilizam uma nova ferramenta: a internet”, escreveu. Quem critica Atwood vem dizer que ela demonstra pouca consideração pelas que foram vítimas de condutas sexuais indevidas.

Quem não quer bem às mulheres quer uma “guerra” entre elas

Atwood considera que é preciso perguntar o que virá a seguir. E é sobre os perigos que daqui decorrem que a autora escreve. “Se o sistema jurídico é ignorado porque é visto como ineficaz, o que ocupará seu lugar? Quem serão os novos agentes de poder? Não serão as más feministas como eu. Não somos aceites nem pela Direita, nem pela Esquerda”.

A autora canadiana, de 78 anos, considera que “em tempos extremos, os extremistas ganham. As suas ideologias tornam-se uma religião, qualquer pessoa que não partilhe dos seus pontos de vista é encarada como apóstata, herege ou uma traidora, e os moderados, ao centro, são aniquilados. Os escritores de ficção são particularmente suspeitos porque escrevem sobre seres humanos, e as pessoas são moralmente ambíguas. O objetivo da ideologia é eliminar a ambiguidade”, alerta.

E quem está no centro de todas estas matérias são as mulheres, resta saber que posições em campo é que elas se arriscam a ganhar nesta batalha. “Uma guerra entre mulheres, ao contrário de uma guerra contra as mulheres, é sempre agradável às pessoas que não querem bem às mulheres. Este é um momento muito importante. Espero que não seja desperdiçado.”

Imagem de destaque: Divulgação

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