Beatriz Barosa: “Foi a partir da ‘Massa Fresca’ que começaram a identificar-me como atriz”

Beatriz Barosa nasceu no Porto e os primeiros passos no mundo das artes começaram com a dança, aos 4 anos, pela necessidade de fazer um desporto que lhe melhorasse a postura. Mais tarde, já adolescente, decidiu aventurar-se no teatro. Quando as aulas extracurriculares de expressão dramática deixaram de ser suficientes, inscreveu-se na Academia Contemporânea do Espetáculo para se profissionalizar.

A primeira grande oportunidade de trabalho apareceu em 2016. Na altura com 19 anos, a jovem portuense veio até Lisboa para integrar o elenco da série juvenil da TVI Massa Fresca. Depois disso seguiram-se séries da RTP para um público mais adulto: Vidago Palace, em 2017, e Circo Paraíso, no ano passado.

Em 2018 fez também parte do elenco do musical Grease, protagonizado por Diogo Morgado e Mariana Marques Guedes. Para este ano, além de continuar com a digressão deste musical, ainda não tem nada confirmado, mas espera muito trabalho (percorra a galeria de imagens no topo do texto para ver fotografias de Beatriz Barosa).

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É atriz mas esta sua aventura no mundo das artes começou com a dança. Conte-nos um pouco de como foi este seu percurso pelo ballet clássico, contemporâneo…

Comecei por volta dos 4 anos em ballet clássico, numa escola no Porto porque sou de lá. Tinha pé cavo – ainda tenho um bocadinho – e precisava de fazer algum desporto que melhorasse a minha postura. Acabámos por optar pelo ballet porque era delicado e era uma menina muito feminina. Também gostava de dançar, já tinha o bichinho do mundo do espetáculo dentro de mim.

Mas não foi só ballet que dançou…

Não. Primeiro fiz ballet clássico, depois tive dança jazz e fiz um bocadinho de hip hop, mas não era muito a minha onda. Começaram por ser atividades extra curriculares, só mais tarde é que comecei a conciliar com o teatro e a levar a dança mais a sério.

Nos trabalhos que tem feito a nível de teatro musical, no caso concreto do Grease, de que forma é que essa experiência que trazia da infância lhe foi útil?

Foi bom porque me deu um à-vontade diferente para aprender as coreografias com mais facilidade e rapidez. Pude trabalhar na infância algumas características como a flexibilidade, isso é útil para conseguir fazer as coreografias com mais eficácia.

Hoje em dia ainda dança nos tempos livres ou só quando o trabalho assim o exige?

Adoro dançar, estou sempre a dançar. Sou uma pessoa das manhãs, acordo bem disposta e a dançar. Danço nos tempos livres. Às vezes também gosto de sair para dançar, apesar de não ser de grandes saídas até muito tarde.

Como passou da dança para o teatro, aos 14 anos?

O que mais gostava na dança, apesar de gostar, obviamente, da parte técnica, era o facto de passar uma mensagem a alguém e fazer espetáculos. Adorava mostrar a coreografia ou a performance que tinha montado, expor aquilo que tinha feito. Comecei a perceber que era giro explorar esse lado do teatro, inscrevi-me em aulas extracurriculares de expressão dramática e só depois na Academia Contemporânea do Espetáculo, no Porto, é que fiz as provas para me profissionalizar.

É do Porto. Com que idade veio para Lisboa?

Vim cá fazer um curso aos 18 anos. Aos 19 vim para cá viver à séria porque vim fazer uma novela, a Massa Fresca.

Foi a representação que a obrigou a mudar de cidade?

Foram bons motivos. Adoro esta cidade, foi muito bom.

Sentiu alguma dificuldade de adaptação nesta mudança?

Não. O facto de já vir com um objetivo, focada no meu sonho da representação, facilitou. Depois também tive um bocadinho de sorte com as pessoas que apanhei pelo caminho, sempre simpáticas e disponíveis. Estava com muita vontade de vir para cá, começar a construir a minha carreira e tudo se facilitou.

A sua família ainda está toda no Porto? Como gere as saudades?

Sim. Vou várias vezes ao Porto, na verdade. Umas vezes em trabalho, outras só para os visitar. Acaba por ser fácil. Quando estou mais tempo a gravar passo mais tempo sem ir e tenho saudades. Sou uma pessoa saudosa e sensível, mas confesso que tenho mais saudades agora, que sou crescida, do que quando vim para cá. Era tudo novidade e havia a urgência de começar a trabalhar. Não ligava tanto às saudades. Agora que tenho uma consciência diferente é que sinto mais.

Teve o seu primeiro grande trabalho em televisão com a série Massa Fresca, em 2016. Que significado teve este projeto para si?

Foi muito importante porque, apesar de já ter feito alguns trabalhos como atriz antes disso, sinto que foi a partir da Massa Fresca que começaram a identificar-me como atriz, mesmo dentro do meio. Claro que ainda tenho imenso para fazer e crescer, mas começaram a identificar-me e isso abriu-me muitas portas no meio da televisão e do teatro. Deu-me uma maior exposição. Senti também um carinho muito grande do público, o que é sempre recompensador. Potenciou-me outros trabalhos.

Trabalhou com atores como o Ruy de Carvalho, Pedro Lima e Sofia Alves. Quais foram os conselhos mais preciosos que lhe deram?

Lembro-me que o Pedro Lima me dava vários conselhos técnicos a nível de posicionamento de câmara, como é que a minha personagem teria mais leitura para o público e como haveria de me posicionar. Depois davam-me conselhos a nível da verdade em cena, para acreditar ao máximo naquilo que estou a fazer. Lembro-me de a Sofia Alves me falar muito sobre isto, de que a entrega é o mais importante no nosso trabalho. No ano passado cruzei-me com o Pedro Lima num workshop do Sérgio Pena, é sempre bom reencontrar-nos porque vamos sempre falando desse projeto e de novas coisas.

Agora que já fez algumas peças de teatro e vários tipos de séries, consegue dizer o que prefere fazer a nível de representação?

Ainda não dá, não consigo. São projetos bastante diferentes. Tenho tido a sorte de fazer personagens muito diferentes e desafios enormes. Não consigo escolher.

A Massa Fresca foi o que de mais parecido tivemos com os Morangos com Açúcar desde que essa série terminou. Mas os Morangos vão voltar. Acha que vai ser possível esta nova versão da série ter tanto impacto como teve a primeira?

Vai ser diferente, mas vai continuar a ter um grande impacto. Pelo que tenho ouvido dizer, nestes novos projetos vão começar a apostar no digital e trazer isso para a televisão. Os miúdos vão gostar, de certeza. Há estratégias em que se pode pensar.

Participou também na série da RTP Vidago Palace, em que deu vida a uma personagem mais adulta, noutro contexto histórico. De que forma é que este projeto a enriqueceu?

Foi a personagem mais crescida e adulta que fiz até agora. Tinha 22 anos, que é a idade que tenho agora, e comecei a contracenar com um grupo de pessoas adultas, não havia um grupo de jovens tão grande como na Massa Fresca. Já não existia brincadeira nem cenas na escola. Foi muito interessante. No fundo estava mais tranquila porque já não era o meu primeiro grande projeto em televisão.

Ainda na RTP, esteve no Circo Paraíso. Como vê este recente investimento na produção de séries nacionais?

Quanto mais se investir em cultura, melhor, a todos os níveis. Têm-se feito séries cada vez mais diversificadas. Há uma grande oferta para o público a nível de histórias e vivências que são criadas nas séries.

O Grease levou-a a pisar um palco com um grande musical. Quais foram os maiores desafios desta experiência?

Foi maravilhoso, até porque estive no Coliseu do Porto, na minha cidade, no meu dia de anos. Cantaram-me os parabéns, a mim e ao Diogo Morgado, que faz anos no mesmo dia que eu. Foi muito giro e especial. A parte coreográfica foi um grande desafio. Voltei a ter vontade de ir para a dança e de investir mais nesse nível. Depois tem a parte do canto. No musical não tenho um solo, mas fazia muitos coros e isso foi um desafio, jogar com as várias vozes que se podiam fazer numa só música.

Ainda vão continuar em digressão?

Vamos ter mais datas a meio do ano. Ainda não estão confirmadas.

Investe muito no Instagram, onde publica fotos com regularidade. Que importância têm as redes sociais para um ator hoje em dia?

Agora posso dizer que gosto de investir nas redes sociais, mas foi uma adaptação um bocadinho difícil. Com a ajuda da minha agência de comunicação, a Brandfire, consigo, cada vez mais, explorar essas plataformas. Não fico um dia inteiro no Instagram, não estou viciada, mas são ferramentas boas para mostrar o meu trabalho.

A luta pelas audiências, que se tem travado nos principais canais portugueses, leva a que se escolham atores pela influência que têm na Internet e perante o público e não tanto pelo talento?

Acredito que se escolham atores pelos seguidores que têm no Instagram. Não sei bem porque, como é óbvio, não estou nesse lado de escolha nem quero estar, mas sabemos que isso não é justo. Se o Instagram servir para mostrar o trabalho das pessoas, aí também se consegue avaliar o talento e a capacidade de um ator. Temos de valorizar, em primeiro lugar, o talento e trabalho das pessoas.

Um ator hoje em dia também tem de ser muito versátil. Vemos muitos a saltar da representação para a apresentação. Era algo que se via a fazer?

Já pensei sobre isso. Talvez aceitasse um desafio desse género, mas não tenho, de todo, esse sonho. O meu sonho é ser atriz. Se surgisse, quem sabe. Tudo são experiências e, à partida, quase tudo é válido.

Também já disse que não se importaria de investir numa carreira na música, se surgisse essa oportunidade. Que tipo de cantora seria?

Disso até gostava mais do que de apresentação. Adoro cantar e gosto de vários estilos de música. Bossa Nova e pop. Não teria um estilo definido e não sei se seria capaz de compor alguma coisa para mim. Adoro escrever, até já escrevi uma peça de teatro, mas música não me imagino a escrever. Às vezes vêm-me umas melodias à cabeça, mas é difícil para mim conjugar isso com as letras.

Quais são os seus grandes planos profissionais para o futuro?

Vou continuar com o Grease, à partida teremos mais datas. De resto estou a aguardar novidades de propostas. Tenho algumas coisas em vista, mas ainda não estão confirmadas. Vem aí um ano com muito trabalho.

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