Bebés. Como fugir dos ‘bitaites’ da família

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[Fotografia: Pexels/J. Carter]

As reuniões familiares multiplicam-se nesta época do ano. E se elas são ainda mais celebradas quando há um bebé ou uma criança pequena, a verdade é que estes encontros podem transformar-se num pesadelo para os pais. Do “não faças isto” ao “no meu tempo não se fazia assim”, são múltiplas as sugestões dos familiares que, ao abrigo de querem o melhor para pais e bebés, mais não fazem do que introduzir pressão a quem, muitas vezes, está assoberbada dela.

Por isso, o Delas.pt foi ouvir uma especialista para ajudar a lidar com esta fase de maior stresse e com os chamados “bitaites” e recolher recomendações úteis para lidar com os bebés e que podem e devem ser comunicados à família. Afinal, ninguém conhece melhor um recém-nascido ou uma criança pequena melhor do que as mães e pais.

“Os avós são sempre os mais visados, mas a verdade é que eles como pais querem o melhor para os seus filhos, logo também para os netos. É preciso comunicar com calma e explicar o fundamento de cada pedido: por vezes os avós não sabem ainda o que mudou em termos de recomendações”, contextualiza a enfermeira em Saúde Materna e Obstétrica, Vanessa Costa. Esta especialista lembra que, atualmente, “sabe-se mais sobre segurança, e as recomendações espelham isso, mas nem sempre a família alargada está a par, podendo levar aos célebres “palpites”, por vezes desadequados aos dias de hoje”.

Por isso, Vanessa Costa aconselha a que se estabeleçam entendimentos: “Se a família comunicar de uma forma aberta, transmitindo os limites de cada um, reduzem o risco de que estas situações aconteçam”. Mas como? “Podem escrever uma carta à família ainda antes de o bebé nascer, podem conversar com a avó materna ou paterna e pedir para transmitir à restante família. Há muitas soluções, encontrem a certa”, encoraja a enfermeira do Centro do Bebé, vincando que soluções desta natureza podem ser postas em marcha “sem criar conflito, sem isolarmos um pai e uma mãe que precisam da sua ‘aldeia’ para os ajudar a cuidar do bebé”. Afinal, “antecipar estas questões e transmiti-las serenamente à família é, decerto, a melhor sugestão de Natal”.

Ao mesmo tempo que se esclarecem palpites, devem também ser acautelados comportamentos de forma a que todos celebrem em alegria, segurança e, mais importante, proteção. Medidas que devem ser postas em prática todo o ano, mas agora com cuidados redobrados.

Veja ainda abaixo as nove recomendações deixadas pela especialista Vanessa Costa e que trabalha em cursos de preparação para a gravidez e pós-parto.

“Evitar espaços muito cheios e com pouca ventilação;

Manter janelas e portas abertas se possível;

No caso dos recém-nascidos, optar por resguardar-se e escolher convívios mais pequenos este ano, com menos gente de cada vez;

Lavar sempre as mãos antes de tocar no bebé. As crianças mais velhas devem sempre lavar as mãos antes de tocar no bebé e evitar tocar as zonas das mãos, cara do bebé e objetos como a chucha ou outros que sejam colocados na boca do recém-nascido;

No caso de existirem pessoas doentes, estas devem usar máscara e procurar não se aproximar do bebé. Lembrar que uma simples constipação para um adulto ou criança mais crescida pode ser muito grave para um bebé, principalmente um recém-nascido;

Direcionar as festinhas e o carinho para os pezinhos, o topo da cabeça ou a barriga

No convívio familiar, manter o bebé no colo da mãe ou do pai ou de um cuidador próximo que o bebé reconheça, o que constitui uma forma também de o manter mais protegido, não só em relação a contágios, mas também face ao excesso de estímulos e cansaço

Recorrer ao babywearing ou porta-bebés, são excelentes forma de permitir que o adulto possa desfrutar da festa, mantendo o bebé seguro e aconchegado, regulando estímulos e mantendo-se tranquilo na proximidade ao cuidador

É natural que a família queira acarinhar o bebé e esteja desejosa de poder pegar ao colo ou acarinhar: os pais não irão ficar tão aflitos se conseguirem comunicar tranquilamente”