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Bolsonaro admite recuo nos produtos menstruais, mas só porque “é escravo da lei”

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O Presidente brasileiro, criticado por vetar a distribuição gratuita de produtos menstruais para mulheres carenciadas, disse na quinta-feira, 14 de outubro, que se o Congresso revogar a sua decisão, terá de destinar recursos da Saúde e Educação para cumprir essa lei. “Só o Parlamento pode derrubar o veto e aí estou obrigado a promulgar e tenho que conseguir recursos no próprio Ministério da Saúde ou da Educação, ou em ambos”, declarou Jair Bolsonaro durante a sua habitual transmissão ao vivo na rede social Facebook.

“É retirar um pouquinho de cada lugar. Estou retirando porque sou um escravo da lei. Se o Congresso derrubar o veto, e estou torcendo para que derrube, vou arranjar absorventes [pensos higiénicos]”, ironizou Bolsonaro, que calculou que os recursos para esse fim rondem os 300 milhões de reais (46,9 milhões de euros).

Na quarta-feira, dezenas de mulheres protestaram nas ruas do Rio de Janeiro contra o veto de Jair Bolsonaro à distribuição gratuita de pensos higiénicos e tampões para cidadãs em condições de vulnerabilidade social.

As manifestantes reuniram-se na Praça da Cinelândia, tradicional local de protestos no centro da cidade, onde criticaram a “falta de sensibilidade” do Presidente.

Na semana passada, Bolsonaro vetou parte de um projeto de lei aprovado pelo Parlamento que previa a entrega gratuita de produtos como pensos higiénicos e tampões para mulheres em situação de vulnerabilidade social, como as que vivem nas ruas, as presidiárias ou adolescentes de famílias com baixos rendimentos e que estudam em escolas públicas.

O projeto faz parte de um amplo pacote de leis para promover a saúde menstrual no país, onde uma em cada quatro adolescentes já teve de deixar de ir à escola por não poder comprar um penso higiénico, segundo um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU).

Pelos cálculos do Senado, o projeto beneficiaria cerca de 5,6 milhões de brasileiras, pelo que o veto presidencial gerou uma onda de críticas de setores políticos e sociais, que classificaram a resposta de Bolsonaro como “absurda”.

Bolsonaro, por sua vez, argumentou que foi “obrigado” a vetar partes da medida porque não foi especificada a origem dos recursos financeiros para o projeto, justificação que foi duramente criticada pelos legisladores e até por alguns aliados do Presidente.

Nesta quinta-feira, na sua transmissão em vídeo no Facebook, Bolsonaro reiterou a intenção de não se vacinar contra o covid-19 porque, segundo o chefe de Estado, por se já ter curado do vírus no passado, tem um sistema imunológico com altas defesas, e questionou novamente vacinas como a Coronavac, do laboratório chinês Sinovac, produzido no Brasil pelo Instituto Butantan, contrariando a opinião dos especialistas.

O Presidente qualificou a vacina de origem chinesa como “ineficaz” e deu como exemplo o seu ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que foi vacinado com duas doses e contraiu o novo coronavírus durante uma viagem recente a Nova Iorque, por ocasião da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Lusa