Boob Tapes: O segredo dos decotes vertiginosos, os cuidados e os riscos para a mama

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[Fotografia: Anna Shvets/Pexels]

Disponíveis em lojas físicas e cada vez mais presentes em anúncios online e nas redes sociais, as fitas adesivas fortes que seguram a mama – que podem ser colocadas em qualquer direção e que têm como objetivo evitar soutiens visíveis em decotes mais profundos – são cada vez mais populares.

E se as as Boob Tapes (fitas adesivas para o peito) têm vindo a assumir um papel predominante na moda, elas arriscam tomar de assalto a próxima estação quente, marcada por decotes longos, vertiginosos e, acima de tudo, com novos formatos e recortes, que obrigam a recursos discretos e engenhosos em matéria de lingerie.

Ao Delas.pt, especialista da Sociedade Portuguesa de Senologia explica quais as implicações do uso deste tipo de soluções que puxam os tecidos mamários em novas direções e forças, e responsável da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia traça o perfil de efeitos e cuidados a ter após a aplicação direta destes produtos sobre a pele da mama e do mamilo.

“Apertar mais ou menos não provoca cancro e não faz mal”

“Não existe nenhuma relação entre estes produtos e o cancro da mama, assim como não há nenhuma relação entre nenhum tipo de sutiã e cancro da mama. Apertar mais ou menos não provoca cancro e não faz mal, pode ser desconfortável como eram os espartilhos usados no século XVIII e XIX”, explica, desde logo, Maria João Cardoso.

A cirurgiã da mama da Fundação Champalimaud e professora assistente na Nova Medical School aponta apenas a possibilidade de, “por se tratar de um adesivo, poder magoar a pele ao descolar”. “E se magoar e fizer ferida, dói. Mas isso é independente de ser na mama ou em qualquer outro local do corpo”, relativiza a especialista, vincando que a análise se mantém mesmo quando se trata dos mamilos. “É exatamente a mesma coisa, sendo que a pele do mamilo é mais frágil e se o adesivo for muito forte pode fazer ferida”.

Garantido está, de acordo com Maria João Cardoso, que “não há qualquer risco para as mamas ou mamilos. Não estão associados a aumento de risco de cancro ou de qualquer outra doença mamária. Podem apenas, enquanto adesivos fortes, fazer feridas na pele ao retirar”.

“Adereços deverão ser aplicados por tempos curtos”

A dermatologista Cristina Amaro afirma que “ao ponderar os possíveis efeitos, há que ter em conta o tipo de pele de cada pessoa, isto, é fatores individuais, como a predisposição a pele mais sensível como a pele atópica”. Por isso, a assistente hospitalar graduada no Hospital de Egas Moniz, Centro Hospitalar Lisboa Ocidental alerta que “a sua aplicação [fitas adesivas] poderá desencadear uma dermite de contacto irritativa, devido ao nylon ou poliéster que compõe o tecido, mas essencialmente pela cola”.

E é para os materiais que a dermatologista convoca atenções: “Há que ter em conta que a composição integral destes materiais é desconhecida, não vem listada exaustivamente no produto e, portanto, é difícil prever todas as eventuais consequências.” No entanto, importa salvaguardar, como esclarece Cristina Amaro, que “as colas de acrílico são utilizadas em diferentes materiais como cosméticos, resinas dentárias, tintas e adesivos – por exemplo, alguns medicamentos -, e nestes contextos estão descritos casos de dermite de contacto alérgica aos acrilatos”.

O que deve fazer depois de usar ‘boob tapes’

Se o usos das boob tapes não traz riscos acrescidos do ponto de vista da senologia, a dermatologia pede algumas cautelas. “Para minimizar os possíveis efeitos irritativos (e eventualmente alérgicos), estes adereços deverão ser aplicados por tempos curtos”, recomenda Cristina Amaro. Uma “recomendação tanto mais importante quanto mais sensível for a pele de cada indivíduo”, requerendo, por isso, “a aplicação de um creme emoliente simples após a utilização, que pode ajudar à recuperação da barreira, caso se tenha verificado algum efeito menos desejável”, sugere a dermatologista.

Sobre as soluções de silicone, frequentemente conhecidos como tapa mamilos, a médica vinca que se trata de “um material relativamente ‘inerte’ e bem tolerado”, ainda que “a sua aplicação possa gerar um componente oclusivo que também se poderá associar a uma dermite de contacto irritativa”, alerta Cristina Amaro.