Brilho no tribunal e no relvado. Alex Morgan, a futebolista americana do momento

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Alex Morgan [Fotografia:Christian Hartmann/Reuters]

Alex Morgan, 29 anos, avançada. A atleta de futebol feminino dos Estados Unidos da América deu nas vistas na noite de terça-feira, 11 de junho, por ter assinado cinco dos 13 golos que a seleção norte-americana marcou à homóloga tailandesa, no Mundial de Futebol Feminino.

Mas se o nome de Alexandra Patricia Morgan pode parecer pouco familiar aos ouvidos dos portugueses, é seguramente bem conhecido dos norte-americanos e não apenas necessariamente pelo que fez na estreia deste campeonato, que decorre em França, até 7 de julho.

A atleta é – nada mais, nada menos – uma das 28 selecionadas (a par de mais mulheres) que, a 8 de março de 2019, Dia Internacional da Mulher, interpôs uma ação judicial no Tribunal de Los Angeles contra a federação norte-americana por “discriminação de género reiterada”.

Na base do processo está a reclamação de salários e condições de trabalho iguais às dos atletas masculinos da modalidade. Um processo que deu entrada três meses antes de a equipa correr em relvados franceses, onde se apresentou com uma vitória absolutamente estridente e recordista.

“Apesar de os jogadores femininos e masculinos serem chamados a desempenharem as mesmas responsabilidades profissionais nas suas equipas e participarem em competições internacionais para o seu empregador comum e único [a federação], as atletas femininas têm vindo a ganhar consistentemente menos dinheiro do que os seus colegas masculinos. Isto é verdade ainda que a prestação delas tenha vindo a ser superior à dos homens”, lê-se na acusação de 25 páginas (que pode ser lida no original aqui).

“Como é possível termos tido que lutar todo este tempo, ano após ano?”, questionava Alex Morgan, em entrevista à revista Time, de 3 de junho. Nessa conversa, a futebolista, que é a primeira atleta citada no processo judicial que deu entrada em março último, vincava que “em algum momento, a situação terá de ser revertida”. Na mesma entrevista, a atleta deixava claro que se os EUA ganhassem o Mundial e se o presidente Donald Trump as convidasse para comparecerem na Casa Branca, ela faltaria à cerimónia.

Batalha que dura há anos

Recorde-se que, nos EUA, a seleção feminina de futebol é tão conhecida e popular como a masculina, contando já com vitórias em Mundiais e Olímpicos e são detentoras do jogo com maior audiência. No entanto, e segundo avança a edição brasileira do El Pais, elas auferem cerca de 38% do que ganham os homens, cálculos que não põem em perspetiva os apoios, condições e ajudas a participações.

Já em 2017, o futebol feminino nos EUA tinha feito correr tinta a nível internacional. Em abril desse ano, cinco atletas de topo norte-americanas de futebol feminino tinham conseguido – após dois dias de conversações com a federação e outras representantes do futebol – celebrar novos contratos. Entre as novas cláusulas, previa-se um aumento de, pelo menos, 30% da remuneração base.

Atletas do futebol feminino norte-americano podem vir a ganhar mais dinheiro

Um acréscimo a que se junta uma nova ponderação, em alta, dos bónus e prémios de jogo, com a promessa de que poderiam vir potencialmente a duplicar. Na ocasião, Carli Lloyd, a reputada jogadora norte-americana, usava a sua página no Twitter para celebrar o acordo alcançado.

Futebol: uma paixão consolidada em Espanha

O que começou na escola, um colégio da zona leste de Los Angeles (Diamond Bar), acabou em vida profissional. Alex Morgan começou a dar pontapés mais a sério na bola aos 14 anos e, três anos depois, integrava a equipa de sub-20. Ao serviço desta seleção, Morgan assinou o golo da vitória da seleção norte-americana no mundial de Futebol Sub-20 de 2008, que decorreu no Chile.

O futebol passou, então, a ser conciliado com os estudos que prosseguiam na Universidade de Berkeley. Por aí, integrou a equipa Califórnia Golden Bears.

Em Espanha, referiu Alex Morgan, descobriu a paixão pela modalidade e disse mesmo que foi em Madrid que se sentiu empurrada para a profissionalização na modalidade. “A cidade fez-me amar a linguagem universal do futebol. O tempo que passei em Espanha foi quando descobri o mundo do futebol”, descreveu a atleta em entrevista à reputada revista norte-americana Sports Illustrated. Uma revelação que teve lugar após o primeiro ano de faculdade, quando passou uma temporada em Espanha e onde deu nas vistas com os golos marcados a partir do meio campo.

Com participações em três mundiais e com estatísticas de relevo, Alex Morgan, medalhada olímpica e atleta na equipa Orlando Pride, foi considerada pela revista Time uma das 100 pessoas mais influentes de 2019. É casada desde 2014 com Servando Carrasco, um futebolista do L.A. Galaxy.

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Imagem de destaque: Christian Hartmann/Reuters

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