Geralmente pesado e bem quente, o burel é sinónimo de aconchego em dias de mesmo muito frio. Porém, ele pode chegar em soluções que, à partida, poderiam ser pouco comuns. Os casacos e as mantas são agora inspiração para uma coleção de roupa com saias, calças, macacões, camiseiros e sobretudos com gramagem mais leve e, por isso, de uso diário e durável.

A Burel Factory acaba de lançar a primeira coleção de vestuário e acessórios sem género e em número limitado, feita integralmente em Portugal em parcerias com produtores de lã e fabricantes nacionais. Filipa Homem para a moda e Sara Lamúrias para as malas, chapéus e bonés são as designers consultoras desta nova proposta – sob o nome Woolclopedia (enciocolpédia da lã) e também assinada pela designer Mafalda Fialho – que vai conhecer novos lançamentos, todos eles limitados em número por uma questão de sustentabilidade.

Burel factory coleção roupa aposta
[Fotografia: Divulgação]
“Queiramos que fosse uma coleção pata todo o tipo de pessoas, não temos de ser nós a ditar quem vai vestir o quê. É uma coleção unissexo”, conta a consultora e designer Filipa Homem. Com percurso trilhado na Alexander McQuuen, na Oscar de la Renta e no secção de criança da H&M, a estilista freelance portuguesa revela que esta coleção procura também ser “comercial, para o dia-a dia”, que seja “fácil de usar”.

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“Gostávamos que quem pegasse numa peça, conseguisse perceber a história que está por trás e que soubesse o que está o comprar. Mostramos também às pessoas que podemos fazer saias com burel, calças, camisolas e, um dia, podemos fazer meias. Se conseguimos aliar a mestria a novas ideias é exclusivo. Vamos avançar, testar, um pouco como se fazia antigamente”, desfia Filipa Homem ao Delas.pt.

“A nossa produção é feita com máquinas muito antigas”

Com 11 anos da existência, a responsável da Burel Factory, Isabel Costa revela diz que esta aposta numa primeira coleção de roupa se alicerça em múltiplos fatores. Por um lado, “valorizar o produto e conhecimento da empresa na lã cardada”, por outro “porque era fundamental ter mais volume de trabalho após ter sido adquirida, no ano passado, uma tinturaria” e, num terceiro plano, “era altura de começar a experimentar coleções que valorizassem a confeção e a arte de fazer tecidos cardados”, explica a responsável.

Um projeto que mimetiza, refere, “algo que existe bastante no Reino Unido, com uma sequência que vai da lã ao produto final”. As peças, cuja mais cara suplanta os 300 euros, estão disponíveis nas cinco lojas físicas da marca e no online.

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A coleção é composta por número de peças limitadas e não há plano B. A intenção de cortar no volume prende-se com, refere a responsável, com a “estratégia de valorização”.

“A nossa produção é feita com máquinas muito antigas, não somos produtores em massa, e achamos que esta é uma forma de valorizar as peças com muita qualidade”, especifica, e prossegue: “A moda é um dos principais agentes de poluição, com estas peças duráveis podemos conseguir que elas passem a outras gerações. E também porque, sendo uma coleção toda feita em Portugal, tem uma pegada ecológica menor, utilizamos lã portuguesa, temos um trabalho muito grande desenvolvido com pastores e com armazenistas”.