Cabelo cortado afinal é fertilizante, pesticida e purificador

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[Fotografia: Pexels/Natallia Photo]

Biodegradável e absorvente, o cabelo que se acabou de cortar já não é lixo, pode ser usado como fertilizante e pesticida natural na agricultura e na limpeza de águas dos metais pesados.

Quem o diz à Delas.pt é André Calado, marketing Activation Manager da L’Oréal Produtos Profissionais, à margem do evento In Beauty, que decorreu no passado fim de semana em Lisboa.

A propósito dos cabelos e da sustentabilidade, o responsável afirmou que a marca tem “um programa de recolha” que implica a “recuperação desta matéria orgânica (os fios de cabelo cortados)” e para dois destinos bem distintos: para “palhas para a agricultura regenerativa” e para “redes capilares biodegradáveis para a limpeza de óleos, hidrocarbonetos e metais pesados em portos, trios e mares”.

Sobre o primeiro, Calado revela que as palhas são “fabricadas a partir de 50% de cabelo cortado” e detalha: “O seu elevado teor de azoto faz com que funcionem como um fertilizante natural que permite dispensar os químicos. Estima-se que três quilos de cabelo humano contêm 500 gramas de azoto. Além disso, podem combater as pragas e as ervas daninhas e permitem uma enorme poupança de água de rega, pois evitam a evaporação e mantêm a humidade.”

Já sobre o segundo uso a dar às pontas cortadas, o marketing Activation Manager da L’Oréal explica que o cabelo, “além de ser biodegradável, provou ser mais absorvente de materiais como o cádmio, o cobre, o zinco ou o chumbo”. Uma operação que André Calado refere que resulta de uma parceria celebrada entre a L’Oreal e a start-up espanhola Clic Recycle, segundo a qual refere que “um quilo de cabelo pode absorver até oito litros de óleos e petróleo.

A campanha Hairstylists For The Future, lançada em 2023, tem “como objetivo impulsionar o setor dos cabeleireiros profissionais para a sustentabilidade global e reduzir o impacto ambiental de cada salão, incentivando uma transição para alternativas mais sustentáveis no desenvolvimento da sua atividade”, refere o responsável, explicando que a iniciativa já abrange três mil salões, em 23 países, mas quer chegar aos 10 mil ainda este ano. “Para o lançamento em Portugal, foram realizadas colaborações com parceiros locais e alianças internacionais, graças às quais o objetivo é transformar cada salão num ator do desenvolvimento sustentável”, adianta.

Cabeleireiros portugueses pouparam
oito milhões de litros de água este ano

Se os cabelos como matéria-prima com segunda vida é um dos pontos desta iniciativa que a L’Oréal diz estar a levar a cabo, existem ainda mais duas medidas pela sustentabilidade que a marca internacional de produtos diz estar a implementar.

Em parceria com uma start-up suiça Gjosa, a marca lançou um “chuveiro profissional” que alega poupar, pela “tecnologia de fragmentação da água”, “até 69% da água utilizada em cada lavagem”. “Esta nova tecnologia utiliza apenas dois litros e meio de água por minuto, quando o padrão é oito litros. Além disso, cria gotículas 10 vezes mais pequenas para uma melhor absorção e um enxaguamento mais rápido”, refere André Calado. Em Portugal desde janeiro deste ano, este Water Saver está instalado em “mais de duas centenas de salões”.

Por fim, a terceira medida em cima da mesa rumo à sustentabilidade passa por, advoga o responsável da marca, pelo consumo de detergentes. “Graças ao seu dispositivo Ecoidris, um dispositivo de ozono na água a instalar nas máquinas de lavar, é possível lavar a roupa sem utilizar detergentes ou amaciadores, utilizando apenas água fria e ozono, que é também um poderoso desinfetante natural”, explica à Delas.pt.