Chegam cedo às filas do primeiro espetáculo do rapper e produtor norte-americano Travis Scott, que teve lugar na noite de sexta-feira, 2 de agosto, trazem muita água e snacks, roupa mais simples possível e quase nenhuns acessórios. É este o dress code mais comum que se vê na longa espera para à entrada para a Meo Arena, em Lisboa, e é válido para os rapazes como ainda mais para as raparigas. Eles apostam mais em bebidas energéticas como quem se prepara para embates.
Num concerto – três, aliás, porque neste sábado, 3 de agosto, chega o segundo espetáculo e no domingo, 4, o terceiro – que se espera carregado de energia, de pulos e de “moshs”, é importante estar prevenido para o essencial: tentar não cair para evitar lesões e não deixar nada ao acaso para não haver lugar a puxões.
E há quem não tenha deixado mesmo nenhum detalhe ao acaso. Que o digam seis amigas de 15 e 16 anos, que vieram de Lisboa, e que assistiram à primeira noite de pirotecnia, fogo, suor e fumo a partir do Parque das Nações. “Trouxemos roupa justa para não cair e peças leves para poder saltar à vontade”, diz Rita, de 15 anos. Previdente, Constança, de 16, acrescenta: “É importante trazer calções por baixo das saias que é para não acontecer nada e estar descansada.”
Cuidados que chegam inclusivamente aos cabelos: “Bem amarrado, sempre, para não haver puxões”, acrescenta Rita. Um grupo que, aliás, se organizou e compareceu ao concerto com o mínimo de acessórios possíveis. Coube a Leonor, de 16 anos, trazer uma mochila onde todas depositaram os seus pertences. E pronto, estavam prontas e equipadas a rigor para as “moshs” no concerto de Scott.
Mariana Calder, de 18 anos, ainda acrescentou mais um item a esta lista de cuidados. “Passei Voltaren nas costas, tenho sempre algumas dores durante os concertos e é preciso estar preparada para os encontrões dos mosh pits”, revelou.
Inês de, 16 anos, que veio com Maria Clara, de 14, Guilherme, de 16, João, de 15, e Frederico, de 14, vêm da ilha Terceira, Açores, com a mãe de dois deles, mas entram no pavilhão com a “geolocalização” de todos para não se perderem na massa humana de fãs. “É para não nos perdermos uns dos outros”, revela a primeira.
Uma coisa é certa para todos os fãs que aguardam pelo início do concerto: peças com bolsos com fecho. Houve quem fosse comprar uns de propósito para não perder nada durante os pulos e, sobretudo, evitar eventuais pequenos furtos durante o espetáculo, alegavam.
Travis Scott trouxe fumo e fogo e provocou “moshs” e suor
No interior da Meo Arena e depois de 25 minutos de espera pelo tão ansiado rapper – cuja abertura foi feita pelo sueco Young Lean – vislumbrava-se um mar de público em tronco nu, suor e energia no ar.
Depois de quase duas horas de música e pirotecnia havia fumo branco na sala e corpos estafados das “moshs” à saída do concerto de Travis Scott.
O segundo concerto acontece este sábado, 3 de agosto, e o terceiro no domingo, 4, também no Meo Arena. A partir do palco, tal como na primeira noite, esperam-se 30 temas, não só êxitos da carreira como “Sicko Mode”, “Goosebumps” ou “Antidote”, mas também as quase duas dezenas de músicas do aclamado álbum “Utopia”, de 2023, entre eles o “Fé!n” – tocado seis vezes na sexta-feira, 2 de agosto – e “My Eyes”. Neste tema, o rapper reconheceu, em entrevista concedida em novembro, ter escrito um verso em homenagem às dez vítimas de esmagamento durante um espetáculo seu no festival Festival Astroworld, a 5 de novembro de 2021, no sobrelotado NRG Park, em Houston, Texas. “Repito essas noites, e bem ao meu lado, tudo o que vejo é um mar de pessoas que andam comigo. / Se eles soubessem o que Scotty faria para saltar do palco e salvar uma criança”, canta Travis no tema.
No primeiro dia, a PSP afirmou não ter tomado medidas excecionais para este evento em particular. Fonte policial apontava para uma noite de espetáculo “a ocorrer dentro da regularidade”, com seguranças e “elementos à paisana no interior”.
“Não há indicações da presença de grupos que possam vir de propósito para causar problemas”, adianta o mesmo elemento da autoridade enquanto caminhava ao longo da fila de fãs.
Esta é a terceira vez que o rapper, que já produziu para nomes como Kanye West, Rihanna ou Drake, vem a Portugal, tendo-se estreado em território nacional em 2018, numa atuação no Super Bock Super Rock, em Lisboa, e no verão de 2023, no festival Rolling Loud, em Portimão.
Agora, recorde-se, por cada bilhete vendido, um euro será doado à organização norte-americana sem fins lucrativos Cactus Jack Foundation cuja missão é apoiar os jovens de Houston através de campanhas de angariação de brinquedos, programas de bolsas de estudo para estudantes universitários e cobrir despesas relacionadas à educação e projetos criativos.
Concluída a tournée europeia, Travis Scott, segue para a América Latina, com passagem marcada para Chile, Argentina, Brasil, Porto Rico e México, com todos os espetáculos marcados para setembro.