Cancro de pele: profissionais ensinam a aplicar protetor e a identificar sinais suspeitos

A Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC) alertou esta sexta-feora, 5 de julho, para a importância de desfazer mitos relacionados com o sol para que as pessoas se possam proteger, não só na praia mas em todas as atividades ao ar livre.

Em declarações à agência Lusa a propósito do arranque, no domingo, de uma campanha pelas praias de Norte a Sul do país, o presidente da APCC chamou a atenção para a necessidade de desfazer mitos como o que indica que o protetor solar impede a absorção de vitamina D.

“O protetor solar, corretamente aplicado, não impede a absorção de vitamina D”, afirmou Osvaldo Correia, chamando a atenção para a ação que arranca no domingo, frente à Praia da Baía, em Espinho, em que uma carrinha com profissionais mostrará como aplicar os protetores e ajudará a examinar os sinais no corpo e a identificar potenciais casos suspeitos.

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“Se há deficiência de vitamina D na população não é por expor a pele demasiado tempo, e muito menos à hora de almoço, que vão ter mais vitamina D. Hoje em dia a suplementação pode ser feita como nos bebés e as pessoas não devem correr riscos”, afirmou.

Outro das situações para que a APCC chama a atenção é para a temperatura amena, que por vezes esconde níveis de raios ultravioleta muito elevados.

“Há uma confusão entre temperatura e raios ultravioleta”

“Há uma confusão entre temperatura e raios ultravioleta. O país assiste hoje dias de temperaturas que não são muito altas. No norte, por exemplo, rondam os 22 a 23 graus, com ultravioletas de 8, 9 ou 10 em escala de 0 a 11”, disse o presidente da APCC, alertando que nestes dias as pessoas facilitam. “As pessoas expõem-se mais, porque está mais fresco, e apanham radiação elevada. Acontece que a brisa pode ser enganadora, pois o ultravioleta está lá e queimadura surpresa aparece“, disse.

Além da colocação de protetor solar e da atenção a ter aos dias mais frescos, que por vezes escondem níveis muito elevados de raios ultravioleta, Osvaldo Correia alertou ainda para a necessidade de quem trabalha ao ar livre estar sempre protegido. “Não é só quando se vai à praia. É na esplanada, durante a caminhada ou corrida e quando se trabalha ao ar livre. É preciso usar vestuário adequado e ter sempre proteção“, afirmou.

A carrinha com dermatologistas e outros profissionais percorrerá praias de Espinho ao Algarve (Portimão e Vilamoura), passando pela Figueira da Foz, Nazaré e Sesimbra, numa ação que a APCC organiza desde 2003, em parceria com a Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV), e que conta com o apoio da Direção-Geral da Saúde.

Segundo Osvaldo Correia, a principal mensagem deste ano, que estará nos ‘outdoors’ e cartazes em mais de 150 municípios, tem que vO uso de chapéu, óculos de sol, vestuário apropriado e de um protetor em creme ou leite, “dispensando as texturas leves e invisíveis que por vezes dificultam a perceção de onde se aplicou protetor”, são alguns dos conselhos a passar nesta iniciativa, além dos alertas para a importância do autoexame.

“Neste caso, o autoexame está para a proteção como a apalpação dos seios para deteção precoce de qualquer sinal de alerta para o cancro de mama”, afirmou o presidente da APCC.

“É preciso lembrar que os cancros de pele são os mais frequentes e, detetados a tempo, podem todos ser curados”

O responsável afirmou ainda o nível de informação da população portuguesa é já elevado, mas, infelizmente, o nível de interiorização e adequação de medidas corretas de proteção adequada ao Sol é ainda insuficiente. “É preciso lembrar que os cancros de pele são os mais frequentes e, se forem detetados a tempo, podem todos ser curados”, afirmou.

Segundo dados da APCC, estima-se este ano o aparecimento de 13 mil novos casos de cancros da pele em Portugal, mais de mil dos quais melanoma (o mais perigoso). De acordo com uma investigação do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS), em cinco anos registaram-se cerca de 90 mil cancros da pele nos hospitais públicos.

Do total de cancros da pele detetados, cerca de 16 mil eram melanomas e os restantes 72 mil eram não-melanomas.

Imagem de destaque: Shutterstock

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