Cancro: Travar tratamentos por um mês acelera risco de morte antecipada em 10%

cancro mama
[Fotografia: Istock]

Os números constam de um estudo levado a cabo pela Universidade de Queens, no Canadá, e indica que, no caso dos doentes com cancro, o adiamento dos tratamentos com a duração de um mês pode levar, em média, a um incremento do risco de morte antecipada na ordem dos 10%. O da mama está entre o que incorre em perigos maiores, com mais sete pontos percentuais do que a média.

Dados que chegam numa altura em que os países concentram esforços no combate à pandemia e deixam para trás consultas, cirurgias não programadas e tratamentos para dar enfoque ao combate e ao aumento do número de casos de infetados por Covid-19. Por cá, esta é também a realidade nacional, com uma projeção para 2020 de cem mil cirurgias adiadas nos hospitais públicos e de milhão e meio de consultas. Também a Liga Portuguesa contra o Cancro veio alertar para este perigo.

De volta ao estudo que reviu e analisou todas as investigações produzidas nos últimos 20 anos sobre a matéria, conclui-se que o “o atraso na quimioterapia ou radioterapia em quatro semanas está associado a um aumento da mortalidade em todas as formas comuns de cancro, com efeitos cada vez mais prejudiciais”, refere o responsável do estudo em comunicado. Timothy Hanna considera que, “à luz desses resultados, as políticas focadas em minimizar os atrasos no nível do sistema logo no início do tratamento do cancro poderiam melhorar os resultados de sobrevivência”.

Doentes com cancro de mama – que atinge na quase globalidade as mulheres – são os que estão em maior risco: Há um aumento de 17% no risco de morte por cada atraso de quatro semanas em qualquer das fases acima referidas.

O universo da pesquisa envolveu os cancros da bexiga, mama, cólon, reto, pulmão, colo do útero e cabeça e pescoço analisados em 34 estudos e que incluíram um total de 1 milhão e 200 mil utentes.

Para a cirurgia, esse compasso temporal representou um aumento de seis a oito por cento no risco de morte”, analisa Hanna, que prossegue: “Considerando que o impacto foi ainda mais acentuado para algumas indicações de quimio e radioterapia, com um aumento de 9 e de 13 por cento no risco de morte para radioterapia definitiva de cabeça e pescoço”.

CB