Cannes arranca com júri no feminino mas poucas mulheres em competição

Cate Blanchett

A 71ª. edição do Festival de Cinema de Cannes começa esta terça-feira, 8 de maio, e este ano o júri é presidido por Cate Blanchett.

A atriz, de 48 anos, é a 12.ª mulher a presidir ao júri de Cannes, quatro anos após a realizadora neo-zelandesa Jane Campion, e um ano depois do cineasta espanhol Pedro Almodovar.

O painel dos jurados deste ano conta também com outros elementos femininos de destaque, como as atrizes Kirsten Stewart e Léa Seydoux ou a realizadora Ava DuVernay. Mas muitos consideram que a organização do evento ainda não está a fazer o seu papel para promover o equilíbrio de género no festival.

Em 21 títulos em competição, apenas três são realizados por mulheres, como são os casos de ‘Capharnaüm’ da libanesa Nadine Labaki, de ‘Girls of the Sun’, da francesa Eva Husson, ‘Lazzaro Felice’, e da italiana Alice Rohrwacher.

O organização acaba por justificar a seleção reduzida de títulos dirigidos por mulheres referindo-se à qualidade dos filmes e reiterando a exclusão de qualquer tipo de “discriminação positiva”, como quotas de género ou outras.

Apesar disso, o festival não quis deixar de capitalizar o movimento #MeToo e “Time’s Up” a seu favor. Além de escolher para presidir o júri a oscarizada atriz australiana, que foi, juntamente com Meryl Streep e Natalie Portman, fundadora da organização “Time’s Up”, criada para ajudar vítimas de assédio sexual, na sequência de várias denúncias de agressões sexuais contra o produtor cinematográfico norte-americano Harvey Weinstein, o festival criou uma linha de emergência, em parceria com o governo francês, para a denúncia de casos de agressão sexual.

O anúncio foi feito no final de abril deste ano, pela ministra francesa da Igualdade, Marlène Schiappa, e resulta depois de denúncia de alegados casos envolvendo o polémico produtor Harvey Weinstein em edições anteriores de Cannes.

Portugal apresenta-se no feminino

Enquanto na competição principal os nomes de realizadores masculinos dominam, no que se refere às secções paralelas e à respetiva representação portuguesa, as mulheres estão em maioria. Neste caso, através dos filmes “Colo”, de Teresa Villaverde e “Terra Franca”, de Leonor Tele, que com “Verão Danado”, de Pedro Cabeleira, vão ser exibidos num programa especial da ACID – Association du Cinéma Indépendant pour sa Diffusion, dedicada ao cinema nacional.

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Imagem de destaque: Reuters