Capim Limão. O restaurante com nome de erva aromática que é uma pérola em Picoas

Que as ervas aromáticas estão cheias de benefícios, todos o sabíamos. Só desconhecíamos que podiam dar origem a um novo capítulo de vida. Foi assim para o português (nascido em Moçambique) Jorge Macedo e a sua mulher Cláudia Mello, que depois de uma vida preenchida no Brasil escolheram recomeçar uma nova fase em Portugal. Com a ideia de abrirem um restaurante, percorreram uma lista mental de todos os nomes de ervas aromáticas que conheciam. Só Capim Limão (Erva-Príncipe em Portugal) não estava ainda registado.

E assim nasceu, em abril passado, este restaurante de dois andares, muito luminoso, uma autêntica pérola num bairro empresarial da cidade. O piso inferior é um bom refúgio para quem quer só beber um cocktail, para aniversários ou eventos; já para almoçar ou jantar há que subir ao andar de cima, onde está a sala principal, com tons de verde, madeira e branco, que fazem jus ao nome do espaço.

Franco com quinoa, legumes grelhados e chutney de tomate

As ervas aromáticas, plantadas a um canto, não são mera decoração, já que integram os pratos do chef carioca Ricardo Gonçalves, mais conhecido por ‘Doca’, com quem o casal teve empatia imediata na chegada a Portugal. “Conhecemos o Doca através da nossa filha. Ele na altura ainda estava no Mini Bar do Avillez”, conta Cláudia. “Na altura quando falámos sobre o que eu e o Jorge queríamos para este restaurante, ele disse-me tudo o que eu queria ouvir”, conta Cláudia. As palavras-chave foram “fresco, da época e tudo feito de raiz” – até mesmo uma das especiarias que Doca usa num dos pratos favoritos, o frango com quinoa e chutney de tomate.

Frango com quinoa, legumes grelhados e chutney de tomateFoi entre dezembro e janeiro que as primeiras experiências aconteceram em casa de Cláudia e Jorge. “O Doca chegou e cozinhou imensos pratos, dos quais alguns acabaram por ficar na carta”, conta Jorge, que não consegue deixar de mencionar o cheesecake de cacau com zest de laranja, a sua sobremesa preferida. “Houve uma altura, em que comia uma todos os dias aqui”, ri-se o proprietário.

As obras do espaço demoraram pouco mais de três meses, o tempo suficiente para a equipa saber onde encontrar os ingredientes certos. O pão, por exemplo, vem da Padaria Gleba, mas a focaccia que acompanha o couvert já tem mão de Doca. Já o peixe branco, que dá origem ao ceviche com milho e quinoa crocante, vem do mercado 31 de Janeiro, ali perto. Este prato é uma das seis opções para começar a refeição no restaurante, no entanto compete com outros adversários pesados: caso da polenta com ovos escalfado e a brandade de bacalhau.

Cocktail Passion Prince

É que este fresco Capim-Limão faz-se também de pratos de conforto, tal como se confirma nos pratos principais. O risoto de mozarela de búfala com tomate cereja ou a moquequinha de peixe com arroz branco e farofa de dendê são duas das opções que podem não alegrar a balança, mas encantam certamente a alma. No entanto, não desespere quem preferir refeições mais leves: há saladas como a de lentilhas com beterraba, sour cream e pesto de hortelã que nos fazem acreditar que saudável não tem de ser aborrecido.

Para entrar nesta boa onda brasileira, o melhor é pedir o cocktail, Passion Prince , que tem como base a famosa cachaça, mas também Erva Príncipe. Na carta das bebidas estão ainda clássicos como a caipirinha, o mojito, margaritas e cuba libre, e ainda uma variedade de limonadas que promete agradar a gregos e troianos. O bar abre quintas, sextas e sábados, das 19h00 às 23h00, mas também durante as happy hours, que são anunciadas no Facebook do Capim Limão.

Antes de Capim Limão… havia a moda

Desde que o restaurante abriu, em abril passado, que a decoração é motivo de elogios. Há quem pense que o projeto envolveu decorador, no entanto, todos os móveis, cores e objetos foram escolhidos por Cláudia, que usou os mais de 30 anos de experiência no ramo da moda para criar um espaço luminoso.

Foi exatamente nesta indústria que ambos se conheceram, na década de 90. Na altura, Cláudia trabalhava para a marca-sensação Philipe Martin, da qual Jorge era sócio. O romance só começaria em 2002, quando voltaram a reencontrar-se, no entanto nunca deixaram de trabalhar neste ramo. Cláudia esteve 13 anos no Grupo Soma (um grande grupo no mercado de moda brasileiro), mas em 2016 vendeu as suas ações e começou a preparar a mudança de país e de vida. Foi a maior segurança que os trouxe a Portugal, mas foi o amor pela boa comida e por este projeto que os fez ficar.

Capim Limão. Segunda a quarta, das 12h00 às 16h00. Quinta a sábado, 12h00 às 16h00 e 19h00 às 23h00. Encerra domingo.