Com uma coleção muito feminina, Carlos Gil procurou refletir a mistura da arquitetura contemporânea com o ambiente tropical através de padrões geométricos, como os hexágonos, e de cores como o esmeralda, simbolizando os tons dos jardins e da piscinas, o lilás, lembrando o reflexo das nuvens nos vidros espelhados, ou o amarelo do sol e o rosa forte, simbolizando as flores. Mas se as cores não são propriamente novidade no trabalho de Carlos Gil, o mesmo não se pode dizer do destaque dado aos neutros, preto e branco. “São cores às quais eu não estou muito habituado, mas houve uma necessidade muito forte de impor essas cores nesta coleção”
Nesse jogo de tons e padrões, o designer procura traduzir os pormenores mais verdes da cidade que surgem espelhados nas paredes de vidro das torres e os jardins que quebram a monotonia do betão. A sensação de altura dessas torres inspiradoras é dada pelo comprimento das peças apresentadas. “As peças têm de ter sempre um aspeto muito longo”. Carlos Gil apostou nas pontas soltas – nas laterais dos vestidos, por exemplo – como apontamento para traduzir essa simbologia nos 40 coordenados apresentados.
Já no que respeita aos materiais, o designer usou neoprene, texturizado por hexágonos e perfurado, criando o aspeto de uma malha de rede semelhante ao padrão dos tecidos, assim como sedas e brocados.
“Num coordenado, o que normalmente eu poderia fazer numa só paleta de cor e numa só textura de tecido, é capaz de ter quatro materiais. É uma variedade muito grande, mas não parece, pela simplicidade. A vontade era não querer pesar a coleção, mas dar-lhe um ar natural”, sublinha.
Vestidos longos, camisas de seda, calças largas e cintadas na cintura foram algumas das peças que se destacaram 40 coordenados da coleção de Carlos Gil, que desfilaram em Lisboa.