Carolina Deslandes e Jessica Athayde ajudam mulheres a aceitarem as imperfeições

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Carolina Deslandes e Jessica Athayde [Fotografia: Instagram]

A luta da cantora Carolina Deslandes ao exibir o seu corpo, assumindo-o como tal, já vem de longe. Há cerca de três anos e meio a artista mostrou a sua barriga pós parto de um mês, após o nascimento do segundo filho Benjamin, o que lhe valeu um mar de aplausos, mas também de críticas. A cantora respondeu à letra, prosseguiu com a sua posição, fazendo posts sobre o seu corpo com relativa regularidade.

Esta semana, Carolina voltou a mostrar o corpo, a falar sem medo da celulite enquanto apresentava, em vídeo, uma marca de biquinis que procura a inclusão das formas femininas, buscando outras ferramentas de medição. Um post que, em pouco mais de 24 horas, alcançou perto de meio milhão de visualizações.

 

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Uma batalha de Carolina nem sempre compreendida pela sociedade, mas que a nutricionista Iara Rodrigues considera que está acompanhar uma mudança de atitude junto das mulheres. “Hoje, noto que as pessoas querem reeducar os seus hábitos em vez de quererem perder peso a todo o custo, e reparo nesta diferença nos últimos dois a três anos”, contextualiza a nutricionista que tem trabalhado também com Cristina Ferreira, apresentadora, diretora de Entretenimento e Ficção da TVI e acionista da Media Capital.

A especialista conta que parte das suas pacientes entra no consultório em busca de “uma relação com a comida que me dê paz e liberte da prisão”. “Fico mesmo muito orgulhosa por sentir que as pessoas estão a fazer uma transição”, sublinha.

Olhando para o exemplo das celebridades, Iara Rodrigues considera que “a Carolina [Deslandes] tem sido um bom mote, bem como a própria Jessica Athayde, e noto que ambas são boas referências, que as pessoas começam a respeitar as suas curvas, começa a ficar claro que a celulite não é a pior coisa do mundo: ela existe, somos mulheres, é o nosso corpo”.

Mas se a exposição de celebridades nacionais e internacionais pode ajudar nesta mudança de mentalidades, também é certo que o meio passou a ser a mensagem. “As redes sociais trouxeram uma diversidade que permite às mulheres acompanhar as figuras mediáticas, mas também aquela pessoa anónima e amiga têm como referência”, nota Iara, que exemplifica: “aquela imagem em que uma pessoa não fica incomodada por estar com uma banhoca de fora”.

Começa a perceber-se que, geracionalmente, se aceitam melhor as imperfeições, que é possível ter uma postura menos radical e procurar uma menor comparação, vincando que “já não é a modelo magra que faz a referência, é a diversidade e a diluição das redes sociais. Não há extremos. Há várias realidades, e cada um vai encontrando o ideal para si próprio”, analisa a nutricionista

Iara não exclui, contudo, a sempiterna “pressão”. “Ela existe sempre, e a mulheres são sempre muito pressionadas com a imagem e com a importância de cuidar de si próprias, a sociedade, as amizades, as redes sociais impõem-lhes um bocadinho isso. Mas, se calhar, algumas já aceitam melhor o que são as imperfeições. As mulheres mais obcecadas e as que não tiverem nesse padrão, vão ser infelizes. Tem muito a ver com a maturidade da própria pessoa, não tem a ver com a idade”, analisa a nutricionista que tem trabalhado com Cristina Ferreira.

Quanto ao futuro, com muito por fazer, Iara Rodrigues não arrisca futurologia. Considera, contudo, que “o caminho a percorrer tem de ser muito individual”. “As mulheres, para estarem bem com o seu corpo, têm de estar bem com elas, têm de separar hábitos alimentares de equilíbrio emocional, tem de haver uma homeostasia entre o corpo e e alma”, finaliza.