A velocista de 34 anos, natural de Lisboa, Carolina Duarte sagrou-se este sábado, 7 de setembro, medalha de bronze em 400 metros atletismo na categoria T13 (deficiência visual), nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, e dedicou a vitória “a todas às mães e às mulheres”. “É possível: lutem pelos vossos sonhos”, declarou após as provas em entrevista à SIC. Carolina Duarte prosseguiu: “É uma vitória brutal para mim, como pessoa, como mãe, como atleta, porque para todos os atletas que estão aqui isto é um sonho brutal. Toda a gente se esforça muito, faz imenso, imenso sacrifício. E tendo uma filha torna as coisas ainda mais desafiantes.”
Conquista o terceiro lugar, mas a atleta da Juventude Operário de Monte Abraão diz saber-lhe a primeiro. “É um bronze, mas sabe a ouro, é espetacular”, afirmou ao canal de Paço d’Arcos. “Dei tudo que tinha, foi uma corrida muito, muito, muito rápida assim, algo inesperada. Acreditei até ao fim que que o ouro era possível, depois acreditei que a prata era possível, fiquei com o bronze, fiquei super feliz e aliviada”, aditou. E lembrou ainda, em conversa com a agência Lusa: “Foi completamente inesperado, mas não me deixei ficar, nem me amedrontei, continuei e pensei: ‘Isto é o teu ritmo, é a prova que tu sabes, é o que tu treinaste, continua, ela [a brasileira] vai quebrar de certeza’. Ela não quebrou, a outra vinha um pouco mais à frente, ainda tentei ir ao segundo, mas não consegui.”
A atleta, que no Rio2016 foi sétima nos 400 metros T13, mostrou-se “muito feliz de ter conseguido correr” ao seu mais alto nível, embora assuma que os 55,52 segundos feitos este sábado, 7 de setembro, ficam aquém da sua melhor marca de sempre (54,72), que lhe confere o estatuto de recordista europeia. Agora, num Stade de France quase lotado, a portuguesa, que terminou atrás de Rayane Silva e da azeri Lamyia Valiyeva, que foi prata com 55,09, garante ter feito tudo o que estava sob o seu controlo. “Elas correram super bem, mas eu considero que também estive muito bem, nós não controlamos o que as outras treinam ou correm, mas o que eu consegui foi o que estava sob o meu controlo”, assumiu.
Emocionada e muito feliz com o apoio que tem recebido de várias formas, mas sobretudo nas redes sociais, Carolina Duarte afirmou que na final representou todos os que a incentivam. “É pesado saber que está tanta gente com tanta expectativa mas, ao mesmo tempo, quando existe expectativa sobre nós é porque as pessoas acreditam em nós e porque já demos provas de que somos capazes, de que conseguimos ir além”, disse.
Com seis medalhas em Mundiais e Europeus, às quais juntou o bronze paralímpico, Carolina Duarte vai agora gozar um mês de férias, antes de começar a treinar para Los Angeles2028. “Agora vou de férias um mês, vou fazer ‘baby-sitting’ à minha medalha, como diz a Simone Biles, e à minha filha para depois começar a treinar para Los Angeles, não vou parar aqui”, garantiu
O bronze de Carolina Duarte fechou a participação do atletismo português nos Jogos Paralímpicos Paris2024, e permitiu à modalidade terminar com três pódios, feito inédito desde Atenas2004.
No domingo, na prova de lançamento do peso F40, Miguel Monteiro sagrou-se campeão paralímpico, levando o atletismo português ao ouro, algo que não acontecia desde os Jogos Sydney2000.
Sandro Baessa conquistou na sexta-feira a segunda medalha portuguesa no Stade de France, conseguindo a prata na prova dos 1.500 metros T20 (deficiência intelectual).
Além das três medalhas do atletismo, Portugal conseguiu até hoje, penúltimo dia de competições, mais quatro em Paris2024, uma de ouro e três de bronze.
Cristina Gonçalves foi ouro no torneio individual boccia BC2, o nadador Diogo Cancela conseguiu o bronze nos 200 metros estilos SM8, feito repetido pelo ciclista Luís Costa na prova de contrarrelógio de estrada H5, e pelo judoca Djibrilo Iafa, em -73 kg.
Com Lusa