Catarina Furtado: “É muito mau se não somos nós a valorizar os criadores nacionais”

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A apresentadora portuguesa Catarina Furtado fez questão de estar presente hoje, 21, na Alfândega do Porto, para assistir ao desfile de Nuno Baltazar. Nos bastidores, a fundadora da Associação Corações com Coroa falou com o Delas.pt sobre o panorama da moda nacional.

O que pensa da moda portuguesa?

Temos grandes nomes que se destacam. Não sou propriamente a maior perita para falar sobre moda porque sou atenta, mas não muito. No entanto, é uma área importante. Nós temos dado provas lá fora e somos elogiados. É um setor que está a crescer, cada vez tem mais novos valores. Lembro-me do início de muitos deles quando comecei a fazer televisão e agora são nomes consagrados, portanto, foram ficando, o que é muito bom. Uns ficaram pelo caminho, mas outros foram-se consolidando. Agora, não nos podemos esquecer do outro lado que é todo muito menos glamoroso do que este que acabámos de ver no desfile de Nuno Baltazar, com a Alfândega cheia, com muitos aplausos, com um desfile maravilhoso.

Que lado é esse de que está a falar?

É o lado da dificuldade que é manter a indústria. Os nossos criadores passam muitas dificuldades para poderem continuar o seu sonho de serem criadores, porque precisam, evidentemente, de muitos apoios que não existem. As grandes marcas acabam por consumir o ‘porta-moedas’ dos consumidores e os mais jovens não têm capacidade, mesmo que os preços sejam variáveis. No caso do Nuno, sei que o atelier dele tem roupa casual e tem roupa mais de cerimónia, mas, mesmo assim, para a maior parte das bolsas é difícil. E quem pode, às vezes não vai à procura dos criadores portugueses. Isto deveria mudar um bocadinho, porque é muito mau se não somos nós a apoiar e valorizar os criadores nacionais. Eu sempre quis valorizar a moda portuguesa, na televisão o Nuno anda sempre comigo. Seria talvez mais fácil ter outras marcas, mas eu resisti sempre a essa tentação e nunca deixei o Nuno, nem o Nuno me deixou a mim, é um ‘namoro’ já longo, já temos cerca de 15 anos disto. O Nuno tem acompanhado quer o meu crescimento, quer a minha diversidade como apresentadora de televisão. Ele fez grande parte dos meus projetos televisivos, o que é muito surpreendente porque há projetos em que eu apresentei programas para crianças e ele tinha que se adaptar, programas muito glamourosos e ele tinha que se adaptar. Ainda agora está no ar o ‘The Voice’ e o que ele criou é bastante surpreendente, é uma espécie de pin-up, todo imaginado por ele.

Qual é o seu designer favorito?

Obviamente, o Nuno. Mas gosto imenso do Dino Alves, tem um lado que eu também gosto imenso, que é o lado teatral, e do Filipe Faísca.

Qual a tendência que vai adotar nesta estação fria?

Nas estações frias tudo o que sejam casacos quentinhos eu adoto logo.

Qual é a peça-chave que não dispensa ter no armário?

O que eu não dispenso é ter algumas peça do Nuno Baltazar, no meu armário tem que estar mais do que uma. Mas depois o básico. Um lugar comum: uma t-shirt branca.

Que dica de estilo nos pode dar?

Acho que se nota muito bem quando as pessoas vestem para impressionar e não estão confortáveis na sua pele, por isso acho que a dica é mesmo não se preocupar demais. Os olhos dos outros não podem ser mais fortes do que os nossos.

Imagem de destaque: André Gouveia.

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