Catarina Furtado vai dedicar ‘Príncipes do Nada’ aos refugiados

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Catarina Furtado [Fotografia: Orlando Almeida/Global Imagens]

Na mala seguem as vitaminas, alguns medicamentos SOS, muitas calças e camisolas de manga comprida. “Não podemos estar de ombros descobertos”, vinca Catarina Furtado, referindo-se à questão cultural. Na mesma bagagem que carrega com ela esta sexta-feira, 19 de julho, no aeroporto de Lisboa, a apresentadora da estação pública leva cadernos, canetas, muitas horas de textos e documentários lidos e muita preparação pessoal para os cenários que se prepara para visitar: o maior campo de refugiados do Mundo, no Bangladesh.

É por lá que Furtado, a embaixadora de Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População vai andar até 31 de julho, a ouvir e a recolher histórias dramáticas de refugiados, de violação de direitos humanos e de horrores exercidos sobre populações vulneráveis. Afinal, é preciso falar, repetir e mostrar esta realidade para que “todos tenhamos mais consciência do que está a acontecer”, reitera ao Delas.pt. Um trabalho que será exibido na RTP1, ao abrigo do formato que tem vindo a fazer ao longo de mais de uma década: Príncípes do Nada.

“Quando propus à RTP fazer esta edição de dez episódios sobre os refugiados, o tema foi logo aceite. E apesar de já ter trazido muitos relatos de violação dos direitos humanos, agora creio que esta realidade terá uma outra dimensão”, antecipa o rosto da estação pública. Uma condição sempre muito “sensível” uma vez que a forma como são vistos “tem sido muito diferenciada por parte de todos os países”. Basta ver como a Europa não parece chegar a um consenso com o que se passa no Mediterrâneo.

Ainda sem data certa para a exibição deste longo documentário que só agora está a começar, é esperado que ele chegue à antena da estação pública em 2020. Um regresso ao documentalismo, um género bem distinto daquele que temos vindo a acompanhar na vida profissional de Catarina Furtado, que tem conduzido formatos de talentos vocais The Voice Portugal – e vai voltar a fazê-lo na rentrée, em setembro – e talk shows com os mais pequenos como Aqui Mandam as Crianças, atualmente em exibição. Trabalho televisivo que segue em paralelo com o que desenvolve na associação Corações com Coroa.

E se a primeira paragem é o Bangladesh, onde Catarina irá ver e ouvir histórias “de refugiados rohingya”, relatos da vida de mulheres, homens e crianças que vivem nestes campo, a apresentadora “quer passar pelos cinco continentes”, mostrando as múltiplas realidades dos refugiados. Detalhes, para já, só mesmo os que envolvem a Europa, o Mediterrâneo e, em particular, “a Grécia”. Está nos planos de Furtado e ainda para esta quinta temporada. “Creio que em setembro possamos ir até à Grécia”, afirma o rosto da RTP, revelando que todo este trabalho está ainda em pré-produção e em escolha das organizações não-governamentais e dos voluntários que a equipa de Príncipes do Nada irá acompanhar.

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Este regresso de Catarina à série documental acontecerá cerca de três anos depois do trabalho que fez em Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor Leste. Na ocasião, a Embaixadora de Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População ouviu testemunhos de quem trabalhava para melhorar o mundo em áreas como a saúde, a proteção da biodiversidade, a educação ou a agricultura sustentável, entre outras.

O primeiro capítulo desta temporada de Príncipes do Nada, que tem como cenário Moçambique, será focado no aumento de casos de discriminação, perseguições, violência e assassinatos em torno de pessoas com albinismo e nos esforços que têm sido feitos para reverter esta situação. Hoje, revela que este episódio em concreto “levou um grupo de médicos a juntarem-se e a enviarem medicamentos e produtos de proteção solar”.

Enquanto a quinta temporada do Príncipes do Nada não chega à televisão, Catarina Furtado irá partilhar momentos e testemunhos nas suas redes sociais.

Imagem de destaque: DR

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