O 71º Festival de Cinema de Cannes, em França, começou esta terça-feira, 8 de maio, com a exibição do filme do iraniano Asghar Farhadi, ‘Everybody Knows’, protagonizado por Penélope Cruz e Javier Bardem, mas as atenções estiveram voltadas para outras questões.
As questões de género, em particular pela composição do júri, com uma maioria feminina na edição deste ano do evento e sob a presidência de Cate Blanchett, foram algumas delas. O facto de a atriz australiana ser uma das primeiras promotoras da iniciativa ‘Time’s Up’, criada para ajudar vítimas de assédio sexual, na sequência de várias denúncias contra o produtor cinematográfico norte-americano Harvey Weinstein, trouxeram de novo o movimento #MeToo para o foco mediático, ainda que as celebridades de Hollywood, que galvanizaram o movimento, tenham estado ausentes da passadeira vermelha e da cerimónia de abertura (veja a galeria de imagens, em cima).
Em 21 títulos em competição, apenas três são realizados por mulheres, como são os casos de ‘Capharnaüm’ da libanesa Nadine Labaki, de ‘Girls of the Sun’, da francesa Eva Husson, ‘Lazzaro Felice’, e da italiana Alice Rohrwacher.
A presidente do júri do 71º Festival de Cinema de Cannes admite que mudanças mais duradouras, em matéria de igualdade de género, demorarão algum tempo a serem implementadas e só se efetivarão com ações específicas, que permitam uma maior diversidade na realização de cinema.
Ainda assim, Cate Blanchett admite que gostaria de ver mais mulheres em competição. “Absolutamente. Se espero e desejo que isso aconteça no futuro? Espero que sim. Mas estamos a lidar com o que temos atualmente. O nosso papel é, nas duas próximas semanas, lidar com aquilo que está diante de nós”, concluiu na conferência de imprensa que deu na abertura de Cannes.
O certame decorre até ao próximo dia 19 de maio.
Imagem de destaque: REUTERS/Jean-Paul Pelissier
Cannes arranca com júri no feminino mas poucas mulheres em competição