Mathilde Thomas: “Daqui a poucos anos os homens vão usar tantos cosméticos como a mulheres”

destaque

Em 1995, Mathilde Thomas fundou a marca de cosmética Caudalíe, uma das primeiras com fórmulas feitas de ingredientes naturais. Uma verdadeira revolução no mercado da cosmética dos anos 90, que fez desta marca, que tem nas grainhas de uva o seu maior segredos, um dos nomes mais reconhecidos da beleza.

Foi quando Mathilde trocou França pelos EUA que começou a perceber como era diferente a forma como as francesas viam a beleza e os cosméticos, uma descoberta que a levou a escrever o livro “Segredos de Beleza das Francesas”. São cerca de 230 páginas onde revela todos os truques de beleza que conhece – acredite que alguns são bastante inesperados. Segundo a autora, um copo de vinho tinto é o melhor anti-oxidante que podemos dar à pele. Esta verdadeira bíblia da beleza chegou finalmente a Portugal. O Delas.pt foi o primeiro a ter o livro nas mãos e falou com Mathilde Thomas para saber mais sobre a indústria da cosmética.

O que pensa das mulheres portuguesas e da nossa relação com a beleza?

São muito bonitas, são esguias e têm uma boa figura. E provavelmente têm bons genes porque têm uma boa pele. E têm muito estilo.

Porque é que decidiu lançar o livro em Portugal este ano?

Porque tenho uma paixoneta muito especial por Portugal. Além disso também trabalhamos em Portugal há bastante tempo e temos muitos pontos de venda Caudalíe, temos muitas fãs cá.

Como define a beleza francesa?

A beleza francesa está ligada ao sentimento de prazer. Não queremos só produtos que nos façam bonitas, mas sim que nos façam sentir bem. Somos contra a teoria que diz que se tem de sofrer para ser bela. Acreditamos que a beleza tem de ser um prazer, tem de ser simples e tem de ser divertida.

Qual é o seu melhor segredo de beleza?

Dormir 8 horas, beber muita água, beber um copo de vinho tinto todas as noites, nunca ir para a cama maquilhada e todas as manhãs usar um bom creme anti-oxidante com proteção solar.

No seu livro fala de como o estilo de vida influencia a pele. Nos últimos anos o estilo de vida mudou muito, com mais stress e poluição. Como é que a indústria da beleza está a lidar com estes fatores?

São fatores que fazem muito mal à pele. Os radicais livres são responsáveis por 80% do envelhecimento, a maioria é produzida pela luz UV mas também pelo stress, pela falta de sono, fast food, poluição e fumo. Devemos duplicar a limpeza da pele todas as noites e nunca esquecer a proteção solar.

https://www.instagram.com/p/BpfXyLBhd0o/

 

Outra grande mudança é a força que a redes sociais ganharam nos últimos anos. Como é que estas novas plataformas estão a mudar as ideias da beleza?

É uma enorme revolução, e é provavelmente a parte mais interessante do meu trabalho atualmente.

Porquê?

Porque as coisas mudaram drasticamente. Hoje temos uma relação horizontal com o cliente que é uma coisa que não acontecia há 20 anos. Agora os nossos consumidores falam connosco diretamente através do Instagram e do Facebook. Dizem-nos diretamente o que acham dos produtos, o que gostam o que não gostam, aquilo que devemos mudar. E isso é muito enriquecedor e super interessante. Eu adoro. As plataformas sociais são um verdadeiro ponto de viragem. Certas marcas existem apenas no Instagram, nem sequer têm uma loja, só vendem online, e isso funciona muito bem sobretudo na Ásia.

Qual é a importância dos influenciadores para as marcas?

É fundamental porque os nossos consumidores acreditam neles. Eles têm milhares de seguidores que seguem as suas experiências e acreditam verdadeiramente no que eles dizem. Eu acho que os influenciadores são os novos jornalistas.

Mas quando falamos de cosmética e da nossa pele, que é um órgão do corpo, não é estranho saber que há pessoas que preferem seguir os conselhos de um influenciador do que ir a uma farmácia pedir aconselhamento?

Acho que se o influenciador tiver bom senso e for uma pessoa equilibrada, em princípio não há problema em seguir um conselho seu.

Como é que as marcas mais antigas se podem tornam apelativas para as gerações mais novas?

A nova geração é muito consciente e militante, isso quer dizer que eles olham para os detalhes. Estão muito atentos se o que estão a comprar é um produto limpo para ambiente, mas não apenas a fórmula, eles olham para as embalagens: se são de plástico reciclado, se não. Gostam de marcas com valores e boas práticas. Essa parte é muito importante, é nova, e é muito bom que assim seja.

“acho que os influenciadores são os novos jornalistas”

A Caudalíe começou há muito tempo e já com essa preocupação com a natureza. Na altura foi algo muito revolucionário. Foi difícil entrar no mercado?

Começámos a marca em 1995, não havia internet nem telemóveis, e na altura a grande tendência era fazer cosméticos com colagénio animal. Também era muito comum na altura ir à Suíça fazer injeções de células animais. Por isso quando lançámos uma marca com base nas grainhas das uvas foi realmente algo muito revolucionário. É verdade que quando começámos a comunicar e a dizer que não tínhamos sulfatos, nem ingredientes de origem animal, nem óleos minerais na nossa fórmula, as pessoas não percebiam. Agora é algo muito importante.

Porque é que decidiu lançar uma marca com essas características?

Eu nasci e cresci nos Alpes franceses, num ambiente muito puro. Cresci com os meus avós, que me levavam em caminhada e ensinavam a reconhecer as plantas que usam para fazer produtos naturais em casa para tratar da pele. Por isso acho que esta paixão está no meu ADN.

Acredita que faz diferença para uma marca de beleza ter uma mulher à frente do negócio?

Faz uma grande diferença. Eu sou responsável pelo desenvolvimento de novos produtos e faz diferença ser uma mulher a criar para mulheres. Eu testo todos os produtos e por isso estou comprometida com todas as fórmulas da Caudalíe.

Quem é que envelhece melhor, as mulheres ou os homens?

Acho que são as mulheres porque temos mais cuidados e por isso ficamos com menos rugas. No entanto, a sociedade é mais tolerante com um homem com rugas do que com uma mulher com rugas.

Por que é que isso acontece?

É a tradição, mas acredito que vai mudar. Por exemplo a Chanel lançou uma linha de maquilhagem feminina, acho que as coisas estão a mudar. Daqui a poucos anos os homens vão usar tantos cosméticos como a mulheres.

Acha que essas mudanças, e as imagens cada vez mais diversas da beleza, vão ajudar a que as mulheres passem a aceitar melhor as suas rugas?

Acho que não… envelhecer é difícil.

 

Esclarecemos as 12 dúvidas de maquilhagem mais comuns