‘Céu’: a peça de teatro que apaixonou Luísa Sobral

Há quanto tempo não está com os seus amigos da universidade? Aquelas pessoas com quem partilhou as alegrias e tristezas do final da adolescência e entrada na idade adulta? É precisamente sobre o tempo que não passamos com os nossos amigos e família que somos convidados a refletir na peça Céu, em cena até dia 18 de novembro, de quarta a sexta-feira, às 21h30, no Village Underground Lisboa.

links_ZaraO espetáculo conta a história de cinco mulheres, amigas desde os tempos de faculdade, que acabam abaladas por uma tragédia inesperada. E são raros os elementos do público que não saem emocionados da sala no final. Uma delas foi Luísa Sobral. A cantora viu a peça antes da estreia e fez questão de escrever uma música com o mesmo nome, em exclusivo para a banda sonora (percorra a galeria de imagens acima para ver algumas fotos da peça).

O texto nasceu das mãos de Xavier Pereira, um jovem jornalista que se inspirou na correria do seu próprio dia-a-dia. “Não escrevo a pensar em quem vou marcar e, se o fizer, de que forma pode isso acontecer. A deixar alguma marca teria de ser sobre a atenção que damos aos nossos – amigos e família – que, de repente, não vemos há um ano e dos quais sabemos pouco ou nada. Tudo passa rápido demais, o que realmente importa são as nossas pessoas. O resto é só o resto”, explicou ao Delas.pt Xavier Pereira.

Mikaela Lupo, Catarina Siqueira, Ana Lúcia Magalhães, Catarina Mago e Laura Barbosa são as atrizes que dão vida às cinco mulheres que protagonizam esta peça, que marca também o regresso de Mikaela Lupo ao teatro.

“Foi um desafio muito grande. Estudei teatro, mas já foi há alguns anos, e aqui vim pôr em prática aquilo que já tinha estudado há algum tempo. É um processo completamente diferente. Adorei a parte dos ensaios porque esmiuçávamos tudo, tínhamos tempo para falar do passado da personagem, do presente e do futuro, se fosse preciso”, revelou Mikaela Lupo.

“É aquele lado da maternidade de que não se fala tanto”

Em Céu, Mikaela dá vida a uma jovem mãe que deixa de ter tempo para si por ter de estar sempre a cuidar do filho. Uma realidade que era completamente desconhecida para a atriz.

“Havia muita coisa no texto que não compreendia. Achava muito fria esta coisa de reclamar porque não se tem tempo para nada. É aquele lado da maternidade de que não se fala tanto, que não aparece na televisão e muito menos na publicidade. O desafio foi grande, não só por ser mãe mas por mostrar este lado exaustivo da maternidade“, sublinha a atriz.

Para pôr Céu de pé, a equipa da Buzico precisou de criar uma campanha de crowdfunding, uma forma simples de angariação de financiamento para projetos. Precisavam de juntar 2 750 euros. Conseguiram 2 846.

“Não foi a minha primeira experiência com uma campanha destas de crowdfunding. As pessoas não têm noção, mas a pré-produção é muito cara. Ainda há muito por fazer, mas isto é um sinal de interesse. Não podemos esperar que o Estado nos facilite a vida, temos de fazer por nós. É óbvio que o Estado tem um papel importante na cultura, mas nós também temos de ir à procura”, acrescentou João Ascenso, o encenador de Céu.