Chiara Ferragni ‘dá’ o corpo ao manifesto contra a vergonha e o ódio

Chiara SanRemo
[Fotografia: Montagem Instagram/Chiara Ferragni e EPA]

Se há vestidos que dão margem à imaginação, os nomes e os significados associados a estes que foram apresentados em Itália não poderiam ser mais claros. A influencer Chiara Ferragni, de 35 anos, usou o palco do festival italiano de música Sanremo 2023 e a função de coapresentadora para lutar pelas mulheres e contra as agressões de que são alvo, o bodyshaming, a vergonha, o ódio e os espartilhos nos quais são obrigadas a viver.

Sob o mote de ‘pensar livremente’ – escrito em italiano em letras garrafais na parte de trás de um longo manto branco usado numa das quatro produções da designer maria Grazia Chiuri -, a empresária e influencer procurou abanar convenções com as criações da Dior e, com o design, levar as mulheres a ousarem e a saírem dos papéis estreitos que a sociedade lhes impõe. Esta foi a mensagem que o vestido ‘Manifesto’ carregou.

[Fotografia: EPA/ETTORE FERRARI]
[Fotografia: EPA/ETTORE FERRARI]
 

Actuando como uma personificação da mensagem feminista tão estimada pela Casa Dior quanto por Chiara, estas obras elegantes, comoventes, ousadas e poéticas são testemunhos do virtuosismo dos Ateliês Dior com cada silhueta única”, lê-se na nota publicada no Instagram.

Para lá do vestido “pensar livremente”, alicerçado na tradição da Dior, Chiara Ferragni apresentou-se em mais três criações – “ódio, sem vergonha e jaula” – que ela própria explica e detalha na sua rede social Instagram.

Vestido ‘Contra o Ódio’: Chiara Ferragni pegou em alguns comentários ofensivos que tem recebido nas suas redes sociais ao longo de anos e viu-os agora bordados a negro numa peça da Dior.

[Fotografia: EPA/ETTORE FERRARI]
[Fotografia: EPA/ETTORE FERRARI]

“Como se o vestido fosse a página de um livro que narra o desdém contra o qual temos que lutar todos os dias”, explica, lembrando que as mulheres “não podem permitir que quem as odeia as deite abaixo”. “Só a opinião dos que amamos conta verdadeiramente”, conclui.

 

Vestido ‘Sem Vergonha’: Chiara Ferragni poderia estar nua, mas não está. A criação de Chiuri imprime essa textura no tecido. “Esta ilusão de nudez pretende recordar as mulheres do direito que têm em mostrar os seus corpos sem se sentirem julgadas ou culpadas”, explica a instagramer.

[Fotografia: EPA/ETTORE FERRARI]
[Fotografia: EPA/ETTORE FERRARI]
 

E prossegue: “Pretende também recordar que todas as mulheres que decidem mostrar o corpo ou sentirem-se sexy não estão a autorizar alguém a justificar a violência cometida pelos homens. Para todas as mulheres a quem foi dito que o seu corpo é vergonhoso e que nada é senão um objeto de desejo que incita o pecado.”

Vestido ‘A Jaula‘: o quatro e último vestido usado por Ferragni na gala quis servir como passagem de testemunho às gerações mais novas no combate permanente que é necessário ter diante dos preconceitos de género.

[Fotografia: EPA/ETTORE FERRARI]

“Este vestido representa a esperança de quebrar as convenções impostas pelo patriarcado (…) que colocamos nas meninas de hoje e que serão as mulheres de amanhã”. “Este é o desejo que uma mãe faz para a sua filha: que ela possa finalmente gritar Vittoria”, curiosamente o nome da filha da influencer e que participou na sessão fotográfica feita com esta peça da Dior.